Artigo

Maramata

Maramata Para Soane Nazaré de Andrade

Vozes duma canção
Nas vagas do verde,
Por entre os azuis
Batem, voltam,batem
Contando minha história.

Vejo em aflição o mar
Na barra de Ilhéus.
Afogam-se as ondas
Dos que silenciam
Com o navio Itacaré.

Todo esse desespero
De índios nadadores
Mergulha no sangue.
Bebem o extermínio
Ventos, luas e marés.

No Engenho de Santana
África agora se atreve
Na certeza de manhãs,
Batucam que batucam
Tambores sem cambão.
Rio acima o sonho flui,
Ondas da vegetação
Inundam o olho azul
Animado pelas galhas
Do príncipe europeu.

Tudo que sei de mim
Por terra, ar e mar
Flutua nas espumas,
Na clave dos ocasos
Vem de longe cantando.