Meditações humanóides
Outro dia estava pensando em Deus. Inteligência suprema de tudo que existe. Criador de todos os horizontes que podemos vislumbrar. Espírito sem corpo reunindo todas as qualidades possíveis e inimagináveis! Pensamento em pura ação! Mestre de todas as ciências, de todos os mistérios e de toda a sabedoria. Criatura incriada, pois se criado fosse, existiria alguém, ou alguma coisa, além dele. Onipotente, onisciente e onipresente! Mago cujos feitiços fez o infinito e o amor!
Desenhou o Universo, imaginou os mundos, compôs as substâncias, criou os números. Moldou as estrelas, os sóis e as galáxias. Deu forma aos planetas todos. À Terra deu a natureza e a fragrância das flores; deu oceanos profundos e luminosos; deu riqueza mineral incomensurável. E, com o tempo (que ele genialmente inventou!), fez evoluir a espécie humana…
O homem que não valoriza nada disso e ainda se põe a negálo veementemente, com todo o seu desdém e ironia! Que busca explicações para o nada que julga mais acertado! Que descrê simplesmente por não ver, com seus olhos tortos e alienados! O ser humano que se degrada moralmente a cada Segundo que passa. O homem que evolui incansavelmente na tecnologia e retroage nas relações interpessoais.
Os homens que não expressam mais seus sentimentos por terem receios de sofrer. A mesma humanidade que extrai narcóticos de toda espécie vegetal tóxica, além dos produzidos em laboratórios, e se alucina, pois a droga da vida tem que ser iludida com outro alucinógeno ainda mais potente e alucinador.
O homem que se animaliza no sexo, deixando os instintos preponderarem sobre as boas emoções, tornando-se escravo do prazer orgásmico de 05 ou 10 segundos. Deixando de ver a beleza da entrega e a pureza do ato.
O animal humano que inventou com a sua sapiência vários objetos bélicos que podem matar os seus semelhantes instantaneamente, em nome da paz, da religião, do poder e até mesmo quando não tiver motivo algum, que não o próprio egoísmo e arrogância!
O homem que destrói e polui tudo o que é belo: as matas, os animais, as cachoeiras e o sorriso de uma criança, porque o mundo frio das finanças acima de tudo não respeita o outro, o diferente, a natureza, o excluído. O animal homem que ambiciona o que não tem, que não é feliz com o que tem. Que julga saber mais que o próximo, que luta por poder passando por tudo e por todos, que corrompe a alma por coisa pouca, que se vicia em fraquezas e ilusões passageiras, que se desgraça na sinfonia dos distúrbios psiquiátricos sem imaginar os porquês.
Então, depois de tudo isso, comecei a duvidar de Deus e de Sua tão falada sanidade exegética. Se Ele existir de verdade, como deve enxergar a Sua atual civilização? Será que Ele é um gênio ou um burro dando o livre-arbítrio aos Seus seres racionais que só fazem asneiras?