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Mulher na Maçonaria

A maçonaria é uma instituição essencialmente masculina. A razão dessa discriminação está no Livro das Constituições, de 1723, de autoria do presbítero anglicano James Anderson, ainda vigentes, que proíbem a iniciação de mulher. Vale a pena salientar que a mulher, até meados do século XX, não poderia fazer parte de diversas instituições.

O Rotary, por exemplo, somente passou a admitir mulher em seus quadros a partir de 1989; a primeira mulher a ser admitida na Academia Brasileira de Letras foi a escritora Raquel de Queiroz; grande parte das instituições brasileiras somente passaram a admitir mulher a partir da Constituição de 1988.

Contudo, em 1882 a Loja Maçônica Libres Penseurs, situada em Percq – França, subordinada ao Grande Oriente da França, procedeu a iniciação de uma mulher em seu quadro social: Marie Deraismes. Este fato deu inicio a um movimento renovador dentro da maçonaria da época, que resultou na fundação da Grande Loja da Maçonaria Simbólica Escocesa Le Droit Humain, atualmente chamada Ordem Maçônica Mista Internatcional Le Droit Humain.

Posteriormente, foi criado, para coordenar tais Grandes Lojas, um Supremo Conselho Internacional, sediado em Paris. Hoje estas Lojas existem em vários países, com governo próprio, mas sob jurisdição do referido Supremo Conselho. A primeira foi a Huma Duty, em Londres, em 1902, e no Brasil foi a Loja Isis, no Rio de Janeiro, em 1919.

Mas o Grande Oriente Unido e Supremo Conselho do Brasil, já havia se antecipado na admissão de mulher, com a fundação da Augusta e Respeitável Loja Capitular 7 de Setembro, em São Paulo, em 14.01.1871, cujo Breve Constitutivo outorgou-lhe em 10 de julho de 1872, com cadastro nº 134 e amparo no decreto de 15.12.1871. De 1874 a 1903. Sob a égide do mesmo Supremo Conselho, mais oito Lojas femininas foram fundadas, ou sejam: Anita Bocayuva, em Campos – RJ,; Estrela Fluminense, no Rio de Janeiro; Filhas da Acácia, em Curitiba; Filhas de Hiram, em Juiz de Fora – MG; Filhas do Progresso, no Rio de Janeiro; Fraternidade, em Bagé-RS; Julia Valadares, em São João da Barra – RJ; Perseverança, em Ouro Preto – MG e Theodora, em Barra de Itapemirim- ES. Todas tiveram duração efêmera.

A primeira foi dissolvida; a segunda foi eliminada pela Ordem; as três seguintes abateram colunas; a sexta teve seu pedido de regularização indeferido e as três restantes foram extintas e suas Cartas Constitutivas cassadas por ato do Grão Mestre Quintino Bocayuva, em 25 de setembro de 1903.

Atualmente existem diversas lojas femininas ou mistas por todo o Brasil, todas trabalhando de forma independente, ou filiadas a uma potência própria. Adotam procedimentos semelhantes aos das Lojas masculinas e recebem visitas de maçons regulares. Os principais RITOS MAÇÔNICOS não admitem mulher em seus quadros. Acredito que tal restrição desaparecerá ainda na metade deste século.