Artigo

Balada ou Bebê?

No início de agosto, a psicóloga Rosely Sayão, colunista do jornal Folha de São Paulo (caderno equilíbrio), escreveu um texto bastante interessante intitulado: esqueceram de mim. Fazia tempo que eu não lia nada dela, pois anos atrás me decepcionei com a forma como respondeu a algumas questões durante uma de suas preleções. No aludido texto, ela inicia sua reflexão apontando situações em que crianças, de todas as classes sociais, têm sido deixadas na escola ou mesmo dentro de veículos, simplesmente porque os pais se esquecem delas; e procura desmistificar a idéia de que homens e mulheres podem ter filhos e manter a mesma vida que tinham antes. Ela relata situações de pais com seus bebês em shoppings, ou jantando em restaurantes às altas horas da madrugada.

Tais exemplos me fizeram lembrar inúmeras situações que considero inadequadas, como levar criança recém-nascida em supermercado e ainda ter a insensatez de deixála exposta ao lado da prateleira refrigerada dos iogurtes. Também resolver petiscar à meia-noite com os amigos e carregá-la até um ambiente barulhento; cheio de álcool e fumaça de cigarro. Afinal, quem é a criança?

Pois acho absurda a falta de discernimento de muitos pais em relação ao que devem ou não fazer enquanto seus filhos ainda são pequenos. Verifico que falta informação e planejamento para o projeto “crianças correndo pela casa”. O exercício da paternidade e da maternidade exige de nós uma postura diferenciada, principalmente em relação a nossos antigos hábitos e passeios quando sem filhos. É necessário renunciar a certas situações, ao menos temporariamente. Não há como ter um bebê e continuar buscando a primazia na satisfação dos desejos. O filho precisa ter prioridade, caso contrário, é melhor não tê-lo.

Quem deseja ampliar a família precisa se informar sobre os investimentos necessários conversando com pais que possuam êxito nessa empreitada. Também pode ler bons livros e se socorrer com profissionais experientes. A paternidade e a maternidade exigem preparo. A reflexão acerca dos papéis de cada um, a importância do consenso na educação, a disposição em renunciar a certas atividades, o desenvolvimento de novas habilidades e opções faz parte dessa etapa da vida.

No entanto, se você é jovem e imaturo(a), ainda que com trinta anos. Se gosta de sair com os amigos; beber, fumar, voltar para casa na madrugada. Se não tem a minima idéia do cuidado que uma criança requer. Por favor, não tenha filhos! Será um desastre completo. A criança certamente irá privá-lo de sua diversão, pois precisa ser cuidada, alimentada, vestida, trocada. Também precisa de horas de sono tranquilo, sem barulho, num quarto limpo e arejado. Deixe o projeto “crianças correndo pela casa” para quando estiver disposto (a) a abrir mão de seu precioso tempo de lazer, pois educar dá trabalho; e muito.