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Admirável mundo novo: esse é o nosso dilema!

Chegamos ao admirável mundo novo… Mas o que é isso? Que mundo sera esse? Como a Educação (foco das reflexes que se seguem) está lidando com esse mundo admirável? A princípio posso apenas responder que não sei. Mas, tenho procurado aprender, entender, discutir e pesquisar no melhor de todos os “laboratórios”: a sala de aula. Enfim, aqui estamos nós… Então vejamos, rapidamente, conforme convém à contemporaneidade, o que poderia delinear esse mundo novo – tecnologia, internet, velocidade, inovações, cosmopolitismo, fim das distâncias, mais tecnologia, múltiplos conhecimentos, acessibilidade, ainda mais tecnologia, conquistas, avanços, descobertas, mundialização, etc., etc., etc. E daí? Fazemos o que com tudo isso, ou melhor, o que fazemos ou deixamos de fazer, diante de tantas possibilidades?

Nas escolas, os “artefatos” desse mundo tecnológico, digital, são a princípio encantadores. Porém, no instante seguinte são prosaicos, banais, comuns. Iguais a todas as coisas que, contemporaneamente, são “maravilhosas” num momento e no outro chegam a causar desdém: “Hã, era isso?!”. Pois é… E agora? Ao ingressarmos nesse mundo novo, sucessivamente transformado e transformador, vivemos a euforia de conquistarmos grandes possibilidades educacionais por um lado e ao mesmo tempo, sentimos a tristeza de que também essa “novidade”, tão brevemente, deixará de ser nova, atrativa, e interessante!

Aldous Huxley, no seu clássico livro “O Admirável Mundo Novo” (1931) descreve as venturas e desventuras de uma sociedade rigidamente organizada, onde imperam o condicionamento (em lugar da vontade livre), a servidão, a “felicidade química”, e as ideologias alcançáveis ou formatadas por aulas que se repetem e se repetem e se repetem, durante o sono… É hora, portanto, de perguntar: nossos alunos(as) como estão aprendendo ou será apenas mero condicionamento?

Vejamos se conseguimos desenrolar esse novelo. As aulas são interativas, dinâmicas, coloridas, virtualmente atrativas e até tridimensionais! Porém, não adianta nada disso se os alunos não decidem estudar, não decidem querer aprender. Resta, assim, o corre-corre de decorar para as avaliações, em cima da hora, e isso não significa ter aprendido de fato.

A questão é que apesar dos esforços modernizantes para oferecer aulas encantadoras e do acesso às informações, os alunos não têm se interessado pelos assuntos, de maneira que sempre falta aprofundamento. Aliás, faltam também tempo e boas condições de trabalho para que o professor possa efetivamente pensar uma aula que se desdobre para além do que será cobrado nas avaliações. Estabelece-se, desta maneira, a crise: de um lado a modernização das aulas, a acessibilidade das informações. Do outro, a falta de tempo e boas condições de trabalho dos professores, refletindo as contradições flagrantes de um sistema que tem buscado mudanças, sem que tenha havido, antes, transformações pessoais e coletivas.

Contudo, não quero encerrar essas reflexões, sem trazer à tona, a seguinte notícia desse nosso admirável mundo novo: “um sueco de 73 anos acordou nesta sexta-feira como mulher, tornando-se a pessoa mais velha do mundo a trocar de sexo. A cirurgia de troca de sexo foi concluída na quinta-feira no prestigiado Instituto Karolinska, na capital sueca”.

Não sei o que significa, plenamente, essa informação. Não sei o que você pensa agora, do que acabou de ler, mas, acredito que a essa altura você já nem se lembre mais de tudo quanto escrevi anteriormente… É isso, a notícia, roubou a cena! Este é o nosso mundo: todas as possibilidades estão bem à nossa frente, o que fazemos ou não fazemos com elas, no entanto, tem sido o nosso grande dilema!