Artigo

Reflexões

Escrever é sempre um ato doloroso, difícil mas que traz muito prazer, ao menos para mim. Sempre me sinto inquieto e sem palavras. Fecho meus olhos e imagino Jorge Amado, Machado de Assis, Euclides da Cunha, Dostoievski, Tolstoi, Cervantes, dentre tantos outros magos de antanho ou desses nossos tempos e fico a imaginar como eles faziam e/ ou fazem para produzir. Por vezes imagino anjos, deuses, musas a lhes inspirar como traçar letras, torná-las belas, dotá-las de um sentido, e, acima de tudo, fazê-las cativante para o leitor.

O leitor! Há o leitor. Esse ser que fica do outro lado. Que possui o poder supremo de afirmar que o texto não está bom, que é mesmo uma bosta. Leitor: cruel, muitas vezes impaciente, lendo apenas para matar o tempo, apenas por que o papel foi lhe parar nas mãos. Impávido, sustenta com seus lábios o fio condutor do texto narrado. Mira com seus olhos as linhas e busca o sentido mais profundo.

Quando o vê, é uma felicidade. Se não o encontra que destino insípido espera o autor do texto no julgamento que lhe será feito. Sempre quis escrever bem. Produzir linhas e linhas, parágrafos e parágrafos, com maestria, com poesia.

Textos com cheiros e ternura, amor e desafio, fúria e paixão. Escrever é sempre edificante. Momento único em que podemos transmitir inquietações e idéias que ficam no nosso cérebro, às vezes durante anos. Convivendo com meu amigo Cláudio Zumaêta e vendo a facilidade que este possui para traçar belas linhas, compor excelentes poemas, elaborar contos e narrativas fico a me indagar o que me falta. Li no Folha de São Paulo em 2010, que para ser um bom escritor basta que sejamos um bom leitor (confesso que anos antes já havia visto algo parecido, mas pro ora só o texto do Folha me vem a mente).

Se isso for verdade tenho tudo para ser um bom escritor. Ler é minha paixão. No entanto, por mais que leia, nada de bom tem saído de minha cabeção, ou seria do coração?

Ainda assim, falta-me algo. Inspiração? Transpiração? Talento? Tempo? Vontade? Disposição? Acho que um pouquinho disso tudo e algo mais. Vou continuar procurando. Se encontrar, quem sabe não escrevo algo. Até lá, ficam aqui minhas reflexões.

Você, nobre e paciente leitor, meu cobaia e crítico avalie esse texto, que custou tanto a acontecer.