Artigo

Por uma educação emancipacionista

Ficar ligado no que a grande mídia noticia sobre a Educação, geralmente, redunda em uma grande perda de tempo! Essa chamada “grande mídia” e mesmo aquela que não é assim tão grande, não pode ver dinheiro: basta que um “bom burguês” esfregue algumas notas em sua cara – e, claro, deposite uma polpuda quantia em suas contas – para que ela passe logo a defender, bovinamente, os interesses de seus financiadores!

Quando o assunto, deste modo, é Educação a coisa fica mais braba ainda. Não dá para confiar, com um mínimo grau de certeza, no que verdadeiramente estamos ouvindo, ou lendo, ou vendo. Ora, pois: a “mídia” é manipuladora, interesseira, corporativista, calculista, e subserviente! Quem pode pagar leva o seu apoio.

Nesse sentido o Jornal Nacional, da Rede Globo, apresentou entre os dias 09 e 12 de maio (os dias em que pude assistir) – uma séria de reportagens intitulada “Educação: o desafio da qualidade” – e não trouxe nenhuma novidade para o que já estamos cansados de saber: as escolas, especialmente as públicas, estão estruturalmente sucateadas (apenas na propaganda do Governo é que elas funcionam como se estivéssemos na Suécia); os professores são mal remunerados, mal preparados e constantemente são acusados de relapsos; a sociedade é omissa, e os efeitos dessa bagunça toda prejudicam o desenvolvimento socioeconômico do País… É a crônica de um desastre anunciado, frente a uma situação que tende a piorar.

O que a “mídia” não divulga maciçamente, contudo, é o seguinte: “O Congresso brasileiro é o mais caro por habitante, segundo levantamento da Transparência Brasil sobre os Orçamentos do Legislativo federal em 11 outros países. Apenas o Congresso dos Estados Unidos é mais caro que o brasileiro, mas ainda assim pesa menos no bolso de cada cidadão do país. A pesquisa da ONG Transparência Brasil comparou o orçamento do Congresso brasileiro com os da Alemanha, Argentina, Canadá, Chile, Espanha, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Itália, México e Portugal. Em 2007, o Brasil destinou para a manutenção do mandato de cada um de seus 594 parlamentares federais quase quatro vezes a média do gasto dos parlamentos europeus e do canadense.

Pelos padrões europeus de gasto parlamentar, o orçamento do Congresso brasileiro – equivalente a R$ 11.545,04 por minuto – poderia manter o mandato de 2.556 integrantes. (…) No Brasil, gasta-se dez vezes, em relação ao salário mínimo, o que se gasta na Alemanha ou no Reino Unido. (…) Cada parlamentar brasileiro consome mais do que o dobro de um parlamentar de um país em que a renda per capita e o custo de vida são muito superiores aos do Brasil”.

Falar sobre a Educação no Brasil é fácil. Fazer algo pela Educação do Brasil parece coisa impossível. O cantor e compositor baiano, Raul Seixas, pelos idos de 1980/90, cantou sabiamente, nos alertando: “E dálhe ignorância/Em toda circunstância/Não tenho do que me orgulhar/Nós não temos história/É uma vida sem vitórias/Eu duvido que isso vá mudar… Falta de cultura/ Prá cuspir na estrutura/ Falta de cultura/ Prá cuspir na estrutura…”. E, para piorar nossa desgraça, quando o assunto é Educação, sempre aparece um “gênio” da última hora para fazer aqueles “balanços” enfadonhos e por demais conhecidos por todos…

Pura embromação! Já passamos do ponto de “cuspir na estrutura”! Mas, como é que vamos fazer isso se a grande maioria ainda não sabe sequer como se escreve “estrutura”; com “s” ou com “x”?! Mas, vamos em frente. Certa feita o Senador Cristovam Buarque escreveu o seguinte (pelo menos para isso serviu o pagamento dos nossos impostos, destinados, parte deles, aos salários dessa corja parlamentar): “(…) No Brasil, treze porcento dos adultos são analfabetos, apenas trinta e cinco porcento concluem o ensino médio; destes, só a metade tem uma educação básica com qualidade acima da média. (…) As consequências são perfeitamente perceptíveis: basta olhar a cara da escola pública no presente para ver a cara do País no futuro. (…) O resultado já é visível: ineficiência, atraso, violência, desemprego, desigualdade, tolerância com a corrupção e a contravenção. (…) Ou o Brasil se educa ou fracassa; ou educamos todos ou não teremos futuro e a desigualdade continuará; ou desenvolvemos um potencial científico-tecnológico, ou ficamos para trás”.

No final das contas, manobram-se as informações e volta-se, quase sempre, ao mesmo ponto: o(a) professor(a) é o(a) grande culpado(a) do caos na Educação! Deste modo, o Governo vai transferindo responsabilidades, a sociedade vai se acostumando e os(as) alunos(as), desinteressados e imprevidentes, vão deixando de estudar… Chega! Lutemos por uma Educação emancipacionista! É urgente acabarmos com a “escravidão” educacional e com os seus “feitores”! Sabemos o que devemos fazer, resta-nos fazer.