Artigo

Jumper: Pulando a educação!

Recentemente, aproveitando as férias e contrariando minhas preferências cinematográficas, assisti ao filme “Jumper”. O filme conta a história de David Rice (Hayden Christensen) que é um jumper, ou seja, alguém capaz de se teletransportar, “pulando” no tempo, para qualquer parte do mundo, apenas num piscar de olhos. Mas, o que têm em comum esse filmezinho e a Educação? Já explico.

O protagonista, David Rice, após ter descoberto seu poder de pular no tempo, de se teletransportar para onde quiser, dá pouca importância para o que poderia significar tal fato para a ciência, por exemplo, e cai na farra: rouba bancos e se diverti pra valer, indo para os lugares que bem entende, escolhendo-os através de cartões postais presos nas paredes de seu quarto.

Numa determinada cena, o personagem quer alcançar o controle remoto da TV que está a poucos centímetros dele e para tanto, ao invés de estender o braço, prefere se teletransportar para não ter que fazer aquele ‘esforço’. Noutra cena, o jumper, sente dificuldades em abrir a porta da própria casa, porque perdeu o costume de manusear a maçaneta (a cena ilustra o fato de que o personagem só entra e sai de casa usando o poder que ele possui). E segue-se, dessa maneira, a história do filme: tudo muito simples e preguiçosamente inútil!

Naquela cena do controle remoto da TV, por exemplo, depois que Rice alcança o aparelho, fica, aleatoriamente, vendo o que estava passando, até que se detém num telejornal que mostrava pessoas em perigo por causa de uma enchente, numa situação bastante complicada, em um local de difícil acesso. Então, ouvimos um repórter dizer que seria impossível chegar até onde estavam as vítimas – darse a entender que o protagonista poderia chegar ao local – porém, o que faz o jumper? Simplesmente desliga a TV. Ele quer farrear, não quer ter trabalho, não quer se envolver!

Mais adiante, noutra cena, depois de ter enchido os bolsos com dinheiro roubado, pega um guarda-chuva (ainda que não estivesse chovendo em Nova York, onde ele mora) e salta para…
Londres! Aparece, sorrindo, com uma cara idiota de superioridade, segurando um dos ponteiros do relógio Big- Ben! Em seguida o jumper, exibindo-se para a namorada, salta para dentro do Coliseu a fim de proporcionar-lhe um passeio inesquecível (estavam os dois sozinhos lá dentro, porque o horário de visitação já havia se encerrado).

Mas, de repente, enquanto o casalzinho romântico passeava em paz, eis que aparece um “caçador de jumpers” e então o Coliseu quase que é destruído por causa da briga que eles tiveram lá dentro! Para finalizar só mais uma cena: o salteador aparece comendo um hambúrguer, com direito a cadeirinha de praia e guardasol, na cabeça da Esfinge de Gizé, um dos maiores patrimônios da humanidade!

Senhoras e senhores vivemos num mundo louco! Aquele jovem salteador representa nas telonas do cinema o que a maioria dos nossos (as) alunos (as) tem representado nas salas-de-aula: nenhuma preocupação ou atenção para a importância de se aprender algo que, efetivamente, contribua para o crescimento pessoal, profissional, familiar e mesmo para a compreensão do mundo que nos cerca, ao mesmo tempo em que se distrai, ou “salta” para dentro de devaneios absurdos, desviando suas atenções para coisas sem a menor importância, vivendo um mundo paralelo, fantasioso, e bobo, independentemente do conteúdo que esteja sendo apresentado na sala-de-aula. Que pena!

Senhoras e senhores vivemos num mundo supérfluo! Ou melhor: o jumper, tanto quanto a maioria dos (as) nossos (as) alunos (as) não liga, debocha, brinca, faz pouco caso, da Educação, ignorando a possibilidade de vivenciar, experimentar, interagir e aprender com profundidade, de forma duradoura o que a só a Educação pode proporcionar. Senhoras e senhores precisamos, urgentemente, evitar que algum imbecil queira “pular” a Educação… Por que assim não haverá futuro!