Artigo

VAMOS MEDITAR Quase mula sem cabeça

Dizem que mula sem cabeça é lenda. Mas, não é mesmo. Dona Cosmira sentada na praça ouviu alguém contar esse caso e achou interessante. Consuelo que estava na hora, logo sentou perto e ouviu tudo. Ah! Caiu na boca da Consuelo já viu o vento é leva.

Dizem que um padre bonito e sarado, do bairro Fonte da Luz, tinha sua Igreja sempre lotada. Homem de fé. Mas era moderno, surfava, jogava bola, e fazia até faculdade. Os fiéis o chamavam de Padre Sangue Bom. Fazia tudo com decência e ordem.

Mas, o padre também gostava de namorar. Uma das suas namoradas era prima da Dona Consuelo, a beata fiel. A moça era bonita, educada, prendada. Conheceu o padre em uma solenidade da faculdade, começou uma amizade e dela veio o namoro.

Engraçado, o Padre Sangue Bom só gostava de praias afastadas e bairros distantes, e até cidades vizinhas, onde não era conhecido, o motivo dessa discrição toda, ninguém imaginava. Certa ocasião deixou a amada em casa após longo passeio com direito a muitos. Quem viu foi Dona Cosmira que assustada e sem voz se aproximou colocando o Padre pra correr.

Dona Cosmira foi logo avisando a sua prima: você vai virar mula sem cabeça. A amiga da Dona Cosmira, uma senhora amarga tinhosa e confuzenta ajudou a colocar lenha na fogueira.

Coitada da prima, agora só restava chorar e pedir preces. Cosmira dizia não haver santo que respondesse as suplicas, enquanto a prima gritava desesperada: O que eu fiz meu Deus? A Margarida disse logo: matou o padre, perverteu o coitado. Ele tem perdão e você vai se queimar. Olhe seus olhos. Coitada fez todo o tipo de tratamento, mas ainda sonha com o retrato da mula sem cabeça.

Passaram os anos ela o encontra todo de branco em um hospital, ele atende e pergunta você é… ? Ela responde: sou e sorriram. Ele confessou-lhe não ser mais Padre, e sim viúvo. Ela disse-lhe onde trabalhava e que era separada. Hoje vivem casados. Vidas refeitas e felizes. Não se conhece o futuro, apenas planos no presente e o amanhã pertence a Deus. Dona Consuelo termina por dizer “o que é do homem o gato não come!”.