Artigo

Queda ou tomada da bastilha

A Maçonaria desde suas origens até os dias atuais vem se conduzindo como inimiga de preconceitos, desigualdades, privilégios e discriminações. Sempre foi contrária a tudo que se oponha ao pleno exercício dos direitos fundamentais do homem.

O dia 14 de julho é uma data que lembra um dos feitos histórico desta Ordem. Sobre o reinado de Luis XVI, a França viveu em latente estado de turbulência financeira a despeito de toda sua atividade mercantil e cultural extremamente desenvolvida. O governo era forte e a organização social extremamente simples: quem não era “privilegiado” e podia gozar de todas as vantagens sobre as pessoas comuns era simplesmente pequeno burguês ou plebeu.

Dentre os privilegiados, destacavamse os eclesiásticos, que eram donos de grandes extensões de terra, tinham foro próprio, estavam isentos de pagar quaisquer impostos, mas podiam instituí-los e cobrá-los. Estavam acima de quaisquer suspeitas e constituía crime contra o Estado dizer ou fazer algo contra qualquer membro da alta hierarquia clerical.
Os clérigos menores eram mais ou menos equiparados a burguesia. A nobreza dividia-se em 03 grandes grupos: a alta nobreza (descendentes reais grandes latifundiários), a média nobreza (de espada ou toga, militares, políticos e burocratas) e a pequena nobreza (elementos que haviam ascendido na escala social e sido nomeados para altos cargos na hierarquia governamental). Os demais eram o Terceiro Estado que se constituía de duas categorias distintas: a urbana e a rural. Havia também a massa maior a Plebe.

A exceção do clero e da nobreza, todos os demais pagavam impostos elevados. A fome, a miséria e a injustiça social já se faziam sentir nos grandes centros. Juntando-se a isso, veio o descontentamento político, o que levou o Rei a convocar os Estados Gerais (o clero, a Nobreza e o Terceiro Estado) culminando com a humilhação imposta a Plebe que não fora convidada a participar, e após reclamações, permitiram a entrada sem local para assento. A corrupção, os escândalos tornaram-se públicos, os altos cargos eram ocupados por apadrinhados.

Os maçons franceses cumprindo a missão da Maçonaria – estar sempre em posição de vanguarda na busca da libertação do gênero humano – rebelaram-se e sob a liderança do ilustre Ir.: MIRABEAU que também não concordava com tal situação, inclusive, com a proporcionalidade da votação que assegurava a predominância do Clero e da Realeza.

Houve vazamento de informações sobre possível golpe de Estado. Rebeldes criaram o Comitê de Vigilância para impedir o golpe de Estado – povo cria a Guarda Nacional e na noite de 14 de julho
de 1789, marcha para a Bastilha, fortaleza que havia pelos lados do Bairro Santo Antonio, em Paris, mais conhecida por ter sido uma prisão, onde o Rei e os “amigos do Rei” mandavam prender e arrebentar seus desafetos, sem qualquer julgamento prévio, ou seja, ao seu bel prazer. Era o símbolo maior do PODER ABSOLUTO.

Povo unido e organizado assalta e conquista a fortaleza. Era o primeiro derramamento de sangue em Paris, caia o absolutismo. A frase, Liberté, Egalité e Fraternité”! Era o que se ouvia. Daí foi apenas um passo para a promulgação por parte da Constituinte dos Direitos do Homem e do Cidadão, ainda havendo outras ações revolucionárias em virtude de manobras e resistência do Rei em sancionar. Essa mesma Declaração inspirou a Constituição dos EE UU, e a Carta das Nações Unidas consagrou 156 anos depois em 1945.

Observem atentamente a frase impressa no Livro “A Franco Maçonaria Francesa e a Preparação da Revolução” escrito por um confesso inimigo da Maçonaria – GATON MARTIN: “Filha da filosofia francesa, a Maçonaria preparou a revolução ou mais exatamente, por sua propaganda incessante, dispôs pouco a pouco os espíritos para as reformas”.

Os maçons franceses ao proclamarem a Declaração dos Direitos do Homem, difundiram por todo o mundo um testamento filosófico que viria plasmar a verdadeira imagem da Maçonaria como corpo de princípios imprescindíveis a prescrição do atraso e do obscurantismo, favorecendo de outra parte, as leis do progresso e do desenvolvimento do homem.

É inquestionável, e gloriosa a participação da Maçonaria nesses acontecimentos, deve encher de justo orgulho, principalmente a todos os maçons. Mas, as semelhanças da situação daquele século na França, com o momento atual do nosso Brasil deve nos levar, no mínimo, a uma profunda reflexão.

Basta ligarmos a televisão, ler os nossos jornais vemos seres humanos em favelas ou sob pontes, violência, grupos armados, desmandos políticos, escândalos, desemprego, corrupção, problemas na área de saúde, na educação etc. etc. O que poderemos fazer? Vamos continuar assistindo passivamente?