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O Enem e as mazelas da educação brasileira

Na ultima semana, o Brasil acompanhou atentamente a divulgação dos resultados do Exame Nacional do Ensino Médio – O Enem. Mais do que simples resultados, a divulgação da classificação das escolas expõe à opinião pública as mazelas da educação brasileira.

Mais do que salientar as dificuldades da educação brasileira, os resultados do Enem ao serem utilizados como ingresso para as universidades públicas e privadas, inclui-se ai a nossa UESC; em substituição ao exame vestibular ou somando-se a ele; significa uma mudança contumaz dos paradigmas da educação. O que na prática se traduz pela necessidade iminente de se fazer uma educação voltada para o desenvolvimento das competências, em detrimento de um modelo já muito ultrapassado, onde se privilegiava a simples ‘decoreba’ de conteúdos e macetes requeridos pelos exames vestibulares.

Num mundo de informações diversas e cada vez mais acessíveis, divulgá-las não é mérito de ninguém e muito menos papel da escola. De outro modo, promover a atribuição de sentido a essas informações, o que pressupõe estabelecer conexões entre elas construindo narrativas significativas e produzindo conhecimentos e concepções articuladas da realidade, possibilitam a compreensão do mundo a sua volta. Isso se aprende ao longo da vida escolar desde as séries iniciais e se sedimenta na pratica diária; não se aprende em aulas isoladas de revisão ou cursinhos pré-vestibulares.

Portanto, O Enem, ao se tornar uma forma de ingresso ao ensino superior, vislumbra um novo modelo de se fazer educação, cujo objetivo deve ser o desenvolvimento de competências que possibilitem ao aluno se comunicar, compreender o mundo, fazer escolhas e desenvolver suas potencialidades. Esse trabalho que exige das escolas mais pesquisa, melhores profissionais e novas ferramentas metodológicas, deve-se iniciar ainda na primeira infância e se perpetuar até o ensino médio, a partir da seleção e apresentação de conteúdos de instrução que conectem ao contexto atual, permitindo a formação adequada a cada faixa etária de cada etapa escola. Esses conteúdos devem se relacionar sempre que possível, a vida e ao contexto do aluno, transformando-se em objetos de atividades significativas e estimulantes que relacionam o que se aprende na escola ao que se faz fora dela.

Bons resultados ocorrem quando se mesclam conteúdos instrucionais com atitudes e, transfere-se o foco da aprendizagem e da avaliação, da simples retenção de informações para a construção de competências e habilidades que permitam ao jovem e a criança aprender sempre. Para tanto, se faz necessário, sobretudo, um trabalho que tenha como base o foco no desenvolvimento do pensamento lógico matemático e das praticas de leitura que envolve interpretação, analise, síntese e produção de texto, visando a formação de leitores proficientes.

E certo que a pratica desse novo modelo de educação, nos faça emergir do fosso onde nos encontramos para vislumbrar novos horizontes, onde o simples anunciar de resultados de exames nacionais, não nos faça confrontar com nossas mazelas sociais.