Artigo

Um prefeito novo para Itabuna

As eleições de 2012 serão as primeiras da segunda década do século XXI. É hora de Itabuna entrar no terceiro milênio. Até aqui temos sido governados pelos modelos mais anacrônicos de administração, numa ênfase às mentalidades tacanhas, às práticas mesquinhas, levando de chofre as contigências todas: a imprensa, o comércio, a cultura, enfim. 2012 é a hora de eleger alguém que esteja apto a traduzir os novos ventos que nos sopram. Itabuna possui quase 15 mil estudantes universitários, uma população crítica de profissionais liberais, um perfil extremamente mais refinado que o de antão. Infelizmente, mesmo tendo evoluído, nossos políticos ainda possuem as mesmas práticas dos velhos e centenaries coronéis. Ainda estamos repletos de colunistas capazes de os idolatrar em jornais e revistas, em troca de migalhas. Ora, tudo isso é passado. Não podemos continuar vivendo de caduquices, infertilidades, enquanto Itabuna, no coração do seu povo – estudantes, trabalhadores, intelectuais, artistas, professores, empresários etc -, clama por ter voz e vez.

Precisamos eleger alguém que tenha a coragem de extirpar da administração pública uma série de corruptos que ali está há décadas, vivendo de subornos, comissões, eventos sinistros. Tudo a custa do dinheiro público, o meu, o seu níquel, retirado do imposto que pagamos impositivamente. Eleger alguém que entenda a despoluição do rio Cachoeira como uma prioridade, que deixe de praticar o empreguismo, de privilegiar os “investidores” de campanha, que se respalde nas esperanças de seus eleitores, de mais ninguém. Itabuna merece um prefeito que nos restitua a dignidade, que construa um teatro municipal, um centro de convenções, que valorize a FICC, os esportes, que crie uma Guarda Verde e seja rigoroso às políticas ambientais.

Um prefeito que traga credibilidade para atrair novos investidores, na indústria e no comércio. Que restitua nossa história, resgatando símbolos como Ferradas e Jorge Amado, introduzindo Itabuna no roteiro turístico da região sul baiana. Um prefeito que crie mecanismos para atrair recursos (feiras nacionais, equipamentos de lazer, zonas de interesse social), que combata a violência com energia e coragem, enfrentando as suas origens. Sobretudo, um prefeito que saiba ler o povo da cidade, tanto na sua formação, sua instância antropológica, quando em sua factualidade, sua condição atual. Possuímos uma juventude maravilhosa, trabalhadora, mas sem direito a livrarias, teatros, cinemas, segurança, trabalho, terra e incentivos outros. Nenhuma ação de base se faz, todo gesto tem sido oportunista, politiqueiro. Um prefeito que construa Plano Diretor, macrozoneamento, coleta seletiva de lixo, usinas de compostagem, Parque da Cidade, orçamento participativo, enfim, uma ordem urbanística, o que significa nada mais que cumprir a Constituição Federal. Entretanto, há décadas os analfabetos estão no poder! Sobretudo, o povo de Itabuna merece um prefeito ético e, por empréstimo, capaz de zelar pelos padrões estéticos, construir uma cidade humana e repleta de belezas, sem utopias, mas com verdores.

Capaz de formar um secretariado técnico e competente, dando-lhe carta branca para agir, credibilidade. Um prefeito democrático, que não se feche em copas, que saiba do seu papel histórico e seja capaz de trazer Itabuna à contemporaneidade. Os formadores de opinião precisam se unir e reivindicar tal padrão de prefeito. Chega de puxar saco desse ou daquele candidato, visando um possível futuro cargo público. Fernando Gomes é passado, Geraldo Simões e família são passado, Ubaldo Dantas é passado, Azevedo é passado. Todos eles contribuíram para o nosso desenvolvimento, com maior ou menor competência. Precisamos mais que apoiar um nome, mas ideias, princípios, disposição, coragem. Um prefeito não pode ter medo de morrer, porque todos nós morreremos inevitavelmente, um dia. Dessa forma, na simples gestão de uma cidade, perdida no interior de um país periférico, poderemos exercer nossa jornada de Luz contra trevas, que é infinita porque misteriosa. Cruzar os braços é colocar-se numa posição pantanosa, infeccionada.

Movimentemo-nos. Puxemos às nossas mãos os destinos de Itabuna. Melhor que ficar nas esquinas a ironizar governantes, como se fóssemos hienas e não homens. Porque, afinal, somos os únicos e verdadeiros responsáveis pelo quadro caótico que se instaurou, pelas quadrilhas que por gerações nos sugam palavra e gesto. Devemos honrar as almas generosas que por aqui passaram; Plínio de Almeida, Nestor Passos, Professor Chaloub, Lindaura Brandão, Hélio Nunes, dentre tantos, além dos trabalhadores rurais, negros mucambos, garis e margaridas, operários anônimos que constroem Itabuna em silêncio.

2012 – que tantos dizem ser o último da civilização humana -, espero, seja o derradeiro de uma Itabuna decadente e medieval. Que a partir de 2013 tenhamos novos ares, novo ciclo, nova perspectiva. Porém, a história não pertence aos meus desejos, mas ao conjunto de vontades que nos compõe e a quem os rosacruzeas chamam de Cósmico. Como diz a bela canção, “Quanto tempo um povo pode viver sem conhecer a liberdade?”. A resposta está no vento, só o vento sabe a resposta.