Artigo

Língua Portuguesa e o ENEM

As provas do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) acontecem nos próximos dias 22 e 23 de outubro e se faz mister destacar a importância de se desenvolver as habilidades e competências voltadas para a leitura, interpretação de textos, em diversas modalidades, e análise dos aspectos funcionais da língua – aspectos cruciais e indispensáveis para a realização do exame na área de Linguagens, códigos e suas tecnologias e demais áreas do saber.

As questões referentes à Língua Portuguesa e gramática, não se tratam de perguntas que privilegiam apenas a nomenclatura gramatical tradicional, as definições, por meio de uma prática velha e mecânica de análise lexical e torturante de análise sintática, tampouco somente a língua padrão. A língua é considerada um organismo vivo, utilizada pelo falante nativo em diversas situações, em diversos níveis, em diversos ambientes, para diversas finalidades. Conforme o Prof. Yeso Ribeiro (Revista ENEM, agosto de 2011), espera-se que o candidato reconheça como é importante e necessário identificar os diferentes usos da língua em suas variações, bem como os contextos que exigem um ou outro emprego. Assim, as questões gramaticais e de Língua Portuguesa são contextualizadas, levando em consideração o aspecto interacional da língua, sendo voltadas para as variações linguísticas, funções e níveis da linguagem, expressões idiomáticas, figuras de linguagem, aspectos de textualidade e semânticos.

Em se tratando da leitura, é considerada parte da interação verbal escrita, pois implica a participação cooperativa do leitor na interpretação, na reconstrução do sentido e das interpretações pretendidas pelo autor. Desse modo, é necessário que o candidato se prepare, optando por leitura e análise de textos autênticos, reais, em que há claramente uma função comunicativa, um objetivo interativo, uma vez que os temas abordados no ENEM partem de fatos da atualidade e envolvem gêneros textuais diversos como letras de música, artigos de jornais, charges, cartuns, crônicas, poemas, dentre outros.

Quanto à interpretação escrita vinculada à leitura, é importante que se priorize a dimensão global do texto, a fim de identificar noções-núcleo, facilitando a identificação do tema ou da ideia central, a partir do repertório prévio do saber. Ressalte-se que a leitura se tornará plena à medida que o leitor interpretar os aspetos ideológicos do texto, as concepções que, às vezes sutilmente, estão embutidas nas entrelinhas.

Diante do exposto, fica claro, portanto, que as questões do ENEM, para serem bem resolvidas, requerem um discente-leitor competente, definido pelos PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa), de 2001, como alguém que compreende o que lê; que lê também aquilo que não está escrito, identificando elementos implícitos; que estabelece ralações entre o texto que lê e outros textos já lidos; que sabe que vários sentidos podem ser atribuídos a um texto; que consegue justificar a sua leitura a partir da localização de elementos discursivos.