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Curiosidades sobre a Independência do Brasil

Ao longo da sua existência, a Maçonaria através de seus membros participou ativa e decisivamente de lutas pela libertação de muitos povos. Na História do Brasil, existe um capítulo em branco, e esse, é exatamente aquele que diz respeito aos dias agitados da preparação, realização e da consolidação da Independência. É preciso que se afirme: nossa História está profundamente marcada pela influência da Maçonaria nos movimentos da sua Independência e sempre vinculada, de alguma forma, às lutas político-sociais de nosso País; sempre foi decisiva na deflagração de feitos históricos, que mudaram a sua face. A Independência do Brasil que era a meta específica dos fundadores do Grande Oriente do Brasil é um desses exemplos marcantes.

O “Fico”, ocorrido em 09 de janeiro de 1822, constitui-se no primeiro passo oficial dos maçons no processo. Com a volta de D. João VI para Portugal e as exigências para que também o príncipe regente voltasse, a aristocracia rural passa a viver sob difícil dilema: conter a recolonização e ao mesmo tempo evitar que a ruptura com Portugal assumisse o caráter revolucionáriorepublicano que marcava a independência da América Espanhola, o que evidentemente ameaçaria seus privilégios. Em Portugal, conspirava-se para que o Brasil voltasse à condição de colônia e o Príncipe Regente ao decidir permanecer no Brasil, deflagrou o turbilhão de acontecimentos que o levaria ao Grito do Ipiranga 08 meses depois.

Maçons Alertas entram em ação – três Lojas Maçônicas Metropolitanas do Rio de Janeiro – Comércio e Artes (fundada em 1815) – Esperança de Niterói, e União e Tranqüilidade -, reunidas no dia 20 de agosto de 1822, no impedimento momentâneo do Grão-Mestre José Bonifácio de Andrada e Silva, presidiu a sessão o 1º Grande Vigilante Joaquim Gonçalves Ledo, que em dado momento pronunciou enérgico e fundamentado discurso, demonstrando com as mais sólidas razões que o Brasil demandava, exigia imperiosamente, que a sua categoria fosse inabalavelmente formada, e a proclamação da Independência e da Realeza Constitucional, na pessoa do augusto príncipe, perpétuo defensor do Reino no Brasil.

Esta moção fora aprovada por unânime e simultânea aclamação expressada com o ardor do mais puro e cordial entusiasmo patriótico. Diante de agitação em alguns setores, notadamente em Minas e São Paulo o Príncipe fez rápida viagem com comitiva para tentar acalmá-los. Quando já no percurso de Santos para São Paulo, a 07 de setembro de 1822, à margem do Riacho do Ipiranga, fora informado por cartas de José Bonifácio de Andrada e Silva, da Princesa Leopoldina e do Cônsul britânico da irreversível decisão da Maçonaria, da qual comungava, diante, sobretudo, das absurdas exigências da Corte Portuguesa que cassava sua regência sobre a colônia e anulava suas decisões anteriores. Sua reação foi imediata, demonstrando irritação, desembainhou a espada, aproximou- se da margem e gritou: “É tempo… Independência ou Morte! … Estamos separados de Portugal”.

No momento não se pode deixar de fazer alusão a atuação de ilustres maçons que se desdobraram nas lutas decisivas e perigosas que levaram o País a sua emancipação política, como Joaquim Gonçalves Ledo, o verdadeiro articulador da nossa independência, José Bonifácio de Andrada e Silva, “o patriarca da independência”, José Clemente Pereira, o “porta- voz” do Dia do Fico”, José Joaquim da Rocha, o fundador do Clube da Resistência, o Padre Januário da Cunha Barbosa, dirigente do Grande Oriente do Brasil, Frei Joaquim do Amor Divino Caneca, Padre Belchior Pinheiro de Oliveira e tantos outros.

Através da História o Povo Maçônico do Brasil já demonstrou, sobejamente, a sua decisão em servir à Ordem, à Pátria e à Humanidade. Será que podemos dizer que o Brasil tornou-se independente através de uma conspiração maçônica?

Vejam o que certa feita afirmou D. Helder Câmara, Arcebispo de Olinda, referindo-se a manifesto enviado pelos maçons ao então Presidente, Marechal Costa e Silva: “Admito uma participação da Maçonaria, mais larga e generosa, para apressar o equacionamento dos problemas nacionais. Não desconhecemos a força dos Maçons. A sua tomada de posição em Brasília representa o determinismo renovador em seus quadros. A Maçonaria sempre lutou contra o despotismo e a tirania, colocando-se ao lado das reivindicações populares. Assim sendo, ela tem dimensões universais, não se insula da luta em prol das liberdades humanas e, acima de tudo, busca atender aos legítimos anseios do povo. Os maçons crêem em Deus e sobre eles há falsas e errôneas interpretações.

É uma enorme força que, vindo do passado, de princípios altamente moralizantes, se renova de conformidade com a marcha dos tempos”.