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Ensino de língua portuguesa & novas tecnologias

As aulas de Língua Portuguesa devem oportunizar a construção da autonomia dos discentes nas sociedades contemporâneas – tecnologicamente complexas e globalizadas – sem apartá-los de sua cultura e das demandas de suas comunidades. Isso significa dizer que a escola que se pretende efetivamente inclusiva e aberta à diversidade não pode ater-se ao letramento da letra, mas deve, sim, abrir-se para os múltiplos letramentos, que, envolvendo uma enorme variação de mídias, constroem- se de forma multissemiótica e híbrida – por exemplo, nos hipertextos na imprensa ou na internet, por vídeos e filmes, dentre outros.

Nessa perspectiva, é importante destacar a importância das novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) para garantir os múltiplos letramentos. Para Suanno(2003), as TICs são recursos tecnológicos que permitem a troca de informações, que podem ser feitas usando diferentes meios de comunicação, seja rádio, televisão, jornal, revista, livros, fotografia, computadores, gravação de áudio e vídeo, redes telemáticas, robótica, sistemas multimídias e muitos outros. A característica mais sedutora dessas tecnologias multimidiáticas é a interatividade, isto é, a participação ativa do usuário e a possibilidade de controlar o conteúdo da informação, ao contrário do ambiente escolar marcado pela disciplina.

Deste modo, como preconiza Pedro Demo (2008), as TICs podem oferecer aos educadores horizontes: novos modos de alfabetizar (multialfabetizações) mais envolventes, situados, atualizados, capazes de abrir para as crianças as habilidades do século XXI; nova forma de autoria individual e coletiva, mais flexíveis, transparentes; impulsos pertinentes em favor de autoridade do argumento, contra o argumento de autoridade; promoção de esferas públicas nas quais se pode desenvolver um tipo mais cosmopolita de cidadania; novas oportunidades de pesquisa, em especial na internet, transformando este mundo infinito de informação em material de pesquisa, não de cópia; maneiras diferenciadas de tratar o aluno, como alguém que pode construir a autonomia e autoria com apoio tecnológico e orientação maiêutica; modos mais situados de aprender, tipicamente reconstrutivos e envolventes.

Em suma, no ensino de línguas, as TICs são essenciais porque, através do que se chama letramento digital, é possível colocar o estudante em contato com novas formas do uso da língua. Entretanto, além de saber usar as ferramentas e os avanços tecnológicos disponíveis, é necessário desenvolver o senso da cidadania que só é possível através da capacidade crítica e da independência na construção de valores.