Artigo

Perdoa essa mulher

Foram tantas as questões,
Foram tantas as razões
Para explicações,
Suposições,
Decisões.
Filho, por que não vieste?
Se por você senti ternura,
Senti carinho,
Senti a dimensão
Da imensidão,
Do amor maternal
Em sua intensidade,
Em sua magnanimidade.
Você me quis
Quando eu era tão jovem…
Protelei, protelei, protelei…
Que estupidez!
Eu te quis,
Quando tudo parecia seguro,
Sereno…
Mas fui obstruída pelo medo,
Medo da gestação,
Do parto,
Do mundo.
Medo da Síndrome do Pânico
Manifestar-se, e ao feto vir afetar
Foram tantas as razões…
Alcancei a meia-idade,
Agora já é tarde;
Útero extirpado
Fez o sonho maternal
Chegar ao seu final.
Filho, por que não vieste?
Foi endometriose?
Miomatose?
Infertilidade uterina?
Ou simplesmente, covardia?
Foram tantas as questões…
Filho, perdoa essa mulher
Que um dia foi fraca,
Foi frágil,
Foi fóbica.
Perdoa essa mulher
Que foi atormentada pelo medo
Mas que te amou,
Te idealizou,
Imaginado assim
A grandeza da maternidade
Expressa em sua forma maior.
Filho, perdoa essa mulher…
Foram tantas as questões…
Foram tantas as razões…