Artigo

PORTA-RETRATO

Olho tristemente para mim
Em busca de mim mesma
Procuro e vejo….ah!
Estou vazia!
Abortei com desilusão
Um amor condenado
Ao naufrágio dos tropeços
E da incompreensão
Nos perdemos em vão…
Perdemos o rumo
Nos lamentos e tempestades
Infundados…
Mergulhamos em sorvedouros
Ah! Sinto-me exausta.
Tirei do porta-retrato
A tua foto comigo abraçado
Momentos de afetos e sonhos sonhados
Foram-se embora em águas de amargura.
Tento tirar-te da moldura do meu coração
Esta foto, confesso…
Ainda não sei….está cravada
A mágoa assentou-se
E como cupim, destruiu
Laços fecundos de afeição
Meu coração em luto,
Ferido pelo dardo da ingratidão,
Sofre como a desfolhação do outono.
Seu rosto sério
Levo na lembrança
Na retina dos meus olhos tristes
Meu semblante fotografa minha alma
Desbotada,
Vestida na cor cinza
Que agora revela-se
No porta-retrato
Que ficou vazio.
Vazio de luz,
Vazio de alma,
Vazio de amor.