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Todos vão querer ser advogados

Os cursos de Direito sempre foram os mais procurados em toda a história da educação no Brasil. Talvez pela importância da profissão e pelo respeito que ela angariou desde os primórdios que remontam à velha Coimbra.

Houve depois um período no qual o advogado, só de usar o anel de doutor (que hoje saiu de moda) era tratado com todo o respeito e referência que a profissão exigia, inclusive aqueles que eram conhecidos como “porta de cadeia”.

Ao ler recentemente uma das mais conhecidas publicações nacionais, me deparei com os honorários de um seleto grupo de colegas que, só para defender uma grande equipe acusada de corrupção irá embolsar a módica quantia de aproximadamente R$ 61 milhões, o que representa muito dinheiro em qualquer lugar do mundo. Vale lembrar que faz parte desse competente grupo de advogados dois ex-ministros da Justiça, um recebendo R$ 8 milhões e, o outro, R$ 20 milhões.

Acho que a partir de agora com a divulgação dessa notícia, o curso de Direito será o mais procurado nos próximos anos, já que em nosso país o que mais existe são políticos corruptos e, então, advocacia passará a ser um amplo campo explorado por todos aqueles que não têm a menor preocupação com a Justiça, com o que é certo ou errado, jogando a ética na lata do lixo.

Que saudades dos meus professores que passaram cinco anos ganhando muito pouco, mas sempre mostrando aos seus alunos a maravilha que é a profissão e, principalmente, a importância da mesma na defesa do cidadão. Que saudades da época da inocência, da vocação e do orgulho profissional que atingia não só o próprio advogado, mas também toda a sua família!

Só espero que os nobres e bem remunerados colegas, que não devem estar nem um pouco preocupados com a origem dos seus honorários, pelo menos sejam honestos na hora de pagar os impostos devidos pela prestação de seus serviços a tão refinado grupo de espertalhões — para não dizer marginais —, com todos os artifícios que uma Justiça retrógrada permite.

Torço para que a verdade e a Justiça prevaleçam nesse embate – o que, convenhamos, ultimamente tem sido cada vez mais difícil de se acreditar.