Artigo

Escolas que aprendem

Na educação atual, informar-se é um componente central do processo de formação do aluno e do cidadão.

Daí a formação primordial da escola é ensinar. Se os alunos não aprendem a escola não é boa. Em outras palavras: a escola só é boa se os alunos aprendem.

O primeiro lugar de atuação pública da criança é a escola. É na escola que a criança deixa de manejar coisas particulares para manejar elementos coletivos; de manejar símbolos familiares para manejar símbolos coletivos, símbolos que pertenceram e pertencerão a outras gerações. Há os que pensam que a escola não é boa porque os alunos são pobres, doentes, violentos e os pais são desinteressados.

Há aqueles que ainda pensam que a escola não pode fazer nada para ensinar melhor, tudo estava ou está pré – determinado pelas condições econômicas dos alunos. Consequência: afirmava-se ou ainda afirmam que o aluno não aprende por culpa dele ou da família.

O problema era ou é do aluno, da família ou da economia. Nunca era ou é um problema da escola.

As pesquisas sobre escolas eficazes a partir da década de noventa desmentiram essas ideias.

Qualquer escola, mesmo nos ambientes mais pobres e difíceis, pode se tornar uma boa escola. Essas pesquisas indicaram que uma boa escola necessita: ?
° Ter clareza sobre o que é e para quê serve a escola.
° Reconhecer a responsabilidade da escola pela aprendizagem dos alunos ?
°Reconhecer e admitir que a eficácia da escola depende do que acontece dentro da escola, e não do que acontece ou deixa de acontecer nas secretarias da Educação.

O problema e a solução para a aprendizagem dos alunos estão na escola.

No jornal Folha de São Paulo o professor Roberto Leal Lobo (ex- reitor da USP) no seu artigo do dia 23 de outubro de 2012. Publicou: “A escola hoje e os alunos que não aprendem”. Enumerou alguns paradigmas tão em moda no Brasil que, segundo ele, devem ser destruídos. Como: ?

° “A qualidade inquestionável e universal do trabalho em grupo”. ?
° “A frouxidão e a permissividade em vez de disciplina e cobrança”. ?
° “A valorização dos pesquisadores de banalidades”.

Do seu texto original, concordamos em parte com o emérito professor Lobo, e aqui reforçamos quanto a estes paradigmas. Para explicar isto veja a analogia com o texto Bíblico: “Não se deita Vinho Novo em odres velhos; doutra sorte o Vinho Novo rompe os odres e entorna-se o vinho”.

Odre, um recipiente feito de couro e costurado a mão, não comporta o que é Novo nem muito menos o que é Inovador, pois a inovação não é contemplada no interior da escola.

Fazer de cada escola uma escola que aprende; um lugar onde agentes de mudança colaboram e aprendem uns com os outros, praticando uma pedagogia da autonomia; onde a aprendizagem não ocorre apenas na sala de aula, mas em todos os espaços, no bairro e na cidade; onde o processo de ensino formal articula-se à educação informal, interagindo-se às redes e relações que conectam as pessoas na escola, na comunidade, no mundo, com impacto na transformação da realidade. Essa visão de uma escola que se compromete com a mudança social. Portanto, se os alunos não aprendem, o problema está no Odre escola: na forma como ela funciona e na forma como ele se organiza.
Até a próxima…