Artigo

O poeta agonizante

Por que te vais de mim alma que é só minha?
Por que te esquivas do id que tanto de repousou?
Fica. Retoma teu substrato, te aninha.
Não abandones a versátil mente que a vida moldou.

Sê placável com quem sempre foi o tempo.
Apiáda-te do cristão, morabito ou crédulo sem templo.
De quem firme acredita não sejas eterna.
De quem pelo angélico céu de Cristo não troca a vil terra.

Não desates tão cedo de mim.
Não vês que só existimos juntos?
Então, por que essa teimosa e desastrosa decisão?

Não quero que tenhas um breve fim.
Quero é que vivas por anos muitos,
Nessa louvável, bendita e feliz junção.