Artigo

Convém tirar um extrato

O mundo continua a rolar em 2013 por erro de cálculo dos maias não previra a ascensão dos brasileiros ao proscênio. Nossos patrícios tomaram de assalto o palco, dançaram, sacudiram os braços para o alto. Viajam, atropelaram, morrem. Estão em todos os lugares imagináveis do planeta, presepeiros, faristas. Gastam de modo adoidado.

Toneladas de fogoso de artifícios constelaram os céus, na passagem do ano, aqui venerada com o nome de réveillon, embora poucos saibam o que significa. As madames da classe média perderam de vez o juízo: no fervor das compras pareciam cleptomaníacas.

Para as autoridades que nos governam, a farra, que se prolongará até depois do carnaval, é sinal de fartura, bem-aventurança, riqueza. Será? Desenvolvimento é isto? Estamos no caminho certo, como diz a propaganda política? Diga que valeu, conforme veiculou o ex-prefeito de Salvador antes de escafeder-se, vaiado, pelos fundos.

Há quem ache que esse apregoado desenvolvimento é um arremedo. Que não passa de artifício, ou seja: desenvolveram o consumismo por meio de bolsas mil, de desonerações, de crédito largo minado pelos juros exorbitantes.

Outros citam a multiplicação dos postos de trabalhos para justificar a farra homérica. É, talvez tenhamos conquistado o pleno emprego do salário mínimo.

Acorda, gente. Após um remédio para a ressaca, é bom um extrato da conta bancária e avaliar o rombo no cartão de crédito. Guardou algum trocado para o IPTU próximo, que virá corrigido? Para o Imposto de Renda, o seguro do automóvel? Já pensou que, pelo menos até maio você trabalhará para pagara contas, outras contas ao governo?

O Produto Interno Bruto (PIB) cravou em 2012 a marca de 0,8%. Imaginem só a histeria, o delírio, o exibicionismo nacional quando superamos algum dia os índices da China, África do Sul, Índia. Por enquanto, tenho pena dos prefeitos que assumiram um montão de dívidas e lixo. Provavelmente deixarão outro legado maldito. Acorda, “meu Brasil brasileiro, terra de samba e pandeiro”.