Artigo

Palavras

Quando me sentei para fazer este artigo a idéia era escrever algo bem bonito, pois a dureza dos noticiários e situações cotidianas muitas vezes nos deixam entristecidos e melancólicos. Necessitamos de palavras esperançosas e belas. Promessas de um futuro melhor, incentivos, palavras doces, melodiosas, reconfortantes. Com certeza não é o que muitos de nós temos ouvido. Esta minha semana de trabalho foi pesada, confesso. Não tanto pela feiúra dos casos atendidos, mas pela observação da forma como as pessoas estão escolhendo se relacionar. Uma forma raivosa, colérica, intempestiva. Poucos assumem a responsabilidade por seus erros, preferindo culpar os demais. Palavras agressivas, ríspidas, desrespeitosas, como se os outros fossem nossos inimigos enquanto que, na maioria das vezes, tratam-se de nossos pais, filhos, cônjuge, colegas de trabalho. Algo está errado e precisamos consertar urgente. Por que tratamos assim as pessoas que amamos?

Por que nós simplesmente as esmagamos com o peso de nossas palavras ofensivas? É lamentável que dentro de uma mesma casa as pessoas não consigam conviver com um mínimo de civilidade. É uma estupidez pisar naquele que divide com a gente tudo o que possui de bom e ruim, pois fazemos o mesmo. Ou será que existe alguém nesta Terra que possua apenas qualidades? Precisamos dar o direito do outro também se manifestar e, de repente, pensar de modo diverso do nosso. Isso pode ser fonte de crescimento e amadurecimento. O que ganhamos podando a livre expressão do outro? Pessoas encolhidas, ensimesmadas, tristonhas ou ainda inseguras, defensivas, rudes. Por que fazemos assim? Será que isso é mesmo necessário?

Penso que cursos de boas maneiras deveriam proliferar. Cursos que ensinem as pessoas a se comunicarem educadamente, sem a intenção de ferir ou magoar. Existem palavras tão lindas, construtivas, edificantes. Palavras que promovem a vida e o bem estar. Palavras que elevam e não diminuem. Palavras que exaltam e não estigmatizam. Quando foi que perdemos o contato com elas? Onde elas estão? Será que as escondemos dentro de nossos egos inflados, porventura acreditando que somente nós mesmos seríamos delas merecedores? Ah, que triste! Que triste ver alguém humilhado, desvalorizado, diminuído pelo poder de palavras proferidas na hora da raiva, da insatisfação, da contrariedade.

Precisamos ter consciência de que o outro não é o nosso saco de pancadas. Animais agem instintivamente, mas nós somos seres dotados de inteligência e devemos pensar antes de proferir palavras ferinas, caluniosas, ofensivas, cruéis. Podemos mudar muito o panorama atual simplesmente modificando nossa forma de interagir com as pessoas. Todos desejam ser estimados e tratados com cortesia e urbanidade. Faz parte da boa educação e dos bons modos. Será que é tão difícil assim? Façamos o teste. Procuremos ser mais atenciosos e gentis, controlando o volume de nossa voz e as palavras que proferimos. Temos condições de fazer isso. E tudo ao nosso redor ficará mais bonito!