Artigo

Milagre passageiro

Em pleno segundo mandato, o ex-presidente Lula esnobou a crise ecômica mundial gerada na quebra do banco americano Lehman Brothers, em 2008. Chamo-a de “marolinha”, quantos aos seus efeitos no Brasil. A crise prossegue, economias europeias faliram e até agora os Estados Unidos se monstram incapazes de retormar o desenvolvimento.

O festejado milagre brasileiro se dilui no confronto com o que era de fato um vagalhão. Tal e qual o fugaz período de euforia do governo Médice, quando se dizia ufanamente do Brasil: “Ame-o ou deixe- -o”. De bom mesmo para nós ficou a Copa do Mundo de 1970. Muito pouco para quem minimiza circo.

Vive-se hoje a encenação de outro milagre. Os truques se repetem, os atores empostam a voz, os mesmos mágicos tiram da cartola pombos brancos em voo sobre o auditório embasbacado. A indústria está quase estagnada, o PIB talvez não chegeu a 2% e o país depende novamente da agricultura, ancorada na histórica condição de exportador de matérias- primas.

A ilusão de crescimento rápido, de potência emergente, resulta da expansão forçada do mercado interno, graças à liberação, quse em nível de irresponsabilidade, do crédito aberto anovo contigentes da classe média. Segmentos sociais afoitos, pela primeira vez atraídos ao consumo e logo inadimplentes, “aquecem” o comércio e a indústria.

É a velha história do cobertor, que descobre a cabeça se levado a cobrir os pés. A economia finge dinamismo comk o movimento de pedras no tabuleiro dos artifícios. A queda de juros, os mais altos do mundo, não chega ao bolso do cidadão; há uma inflação alheia a estatísticas oficiais e o real (a moeda) é humilhado como forma de atrair capitais externo especulativos.

Mas o país está crescendo, proclamam os arautos e beneficiários (em votos) de programs sociais mantidos pela extorsão tributária contra categorias de fato trabalhadoras. Chega-se ao cúmulo de desconsiderar o PIB alto como indicador de prosperidade econômica. É mais cômodo aparentar do que ser. O auditório aplaude, siderado pelas luzes, cores e coro da ribalta.