Artigo

A espera de Bolívar

O vazamento de dados sobre aespionagem eletrônica americanade cidadãos, empresas e governos,incluindo o Brasil, é digno do imagináriode Ian Fleming ou John LeCarré Daria filme de alta tensão.

Estamos no mínimo curiosos.O que acontecerá ao delator(no entender dos americanos)Edward Snowden, refugiado naárea internacional de um aeroportoem Moscou?

Se pegarem, adeus. É consideradotraído da Pátria, o quesignifica prisão perpetua ou penade morte, com toda a pompa écircunstância de um julgamento“democrático”.

Não é de hoje que os EstadosUnidos, guardião do mundo, praticama chamada agressão emdefesa prévia, ao embalo de interessesgeopolíticos e comerciais.O combate ao terrorismo geroua vigilância intensa, sofisticada,que tem nos letais aviões sem pilotoe em espiões disfarçados dediplomatas a última palavra.

Na realidade, os olhos do BigBrother cobrem um vasto espectrode atividades de aliados e inimigossupostos ou reais. Recursosnaturais, por exemplo. Safras, capacidadebélica, poder de retaliação,possibilidade de competiçõescomerciais.

Autoridade dos Estados Unidosconsideram naturais, comoobservou um leitor de A TARDE,a captação e monitoramento deinformações, ainda que isso violepactos e direitos humanos. Agemabnegadamente para reforço dobem comum. Está justificada aperseguição a Snowden.

A diplomacia brasileira, insensívelaos nossos brios feridos(o Big Brother comandou em Brasíliacentro de arapongagem)),continua refém da retórica vazia.Pede esclarecimento de antemãoafastados. Fica no ora veja. Dependeda Venezuela para ouvirdiretamente Snowden, se o pedidode asilo se concretizar e se deremcéu livre na Europa ao aviãode Nicolás Maduro. O do companheiroEvo foi retido.

É triste. Para arrancar umpedido de desculpas ou investigaçãohonrosa, o País terá deesperar que o libertador SimónBolivar desça do pedestal, no seucavalo rompedor, e cure a dignidadeofendida da América latina.