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Educação: Alarmante, mas nem tanto

O noticiário econômico faz um estrondo ao divulgar a inflação brasileira, principalmente a chamada inflação dos alimentos. Até um personagem em particular o tomate, vimos cardápios sofrendo alteração, protestos em todos os setores e a promessa do governo de que tudo vai melhorar. A educação vem ano após ano passando pela cronicidade de uma crise de proporções tão ou mais alarmantes do que a inflação, mas parece um estado alarmante sem alarme.

O educador brasileiro Darcy Ribeiro costumava dizer que o Brasil é um país que sabe fabricar carros, submarinos, computadores, televisores, videocassetes, aviões e até mesmo satélites, mas que tem historicamente, fracassado na tarefa de fabricar cidadãos.

Isso ocorre porque a “fábrica de cidadãos”, que é a escola pública não está funcionando como devia. Já faz parte da nossa bagagem cultural as queixas dos docentes do desinteresse dos alunos – notadamente dos adolescentes – para o que se ensina na escola, de sua falta de compromisso com o conhecimento, da indisciplina que domina suas atitudes, da agressividade de suas reações, do pouco valor que atribuem aos professores e outros problemas.

O diagnóstico implacável seria que se instalou uma distância considerável, para não dizer um fosso entre a escola e o seu público discente. Para atenuar este fosso começaríamos com a montagem de uma equipe docente eficaz. É bem verdade que a montagem de uma equipe varia de instituição para instituição, conforme os graus de escolaridade, e a tentativa de elencar as principais decisões. Entretanto, na composição de equipes na escola pública é possível arrolar uma sucessão de erros. Os principais encontrados foram:
• Erros de seleção
• Erros de inserção profissional na equipe
• Erros de treinamento e capacitação
• Erros de desenvolvimento e atualização dos profissionais e da equipe

Este cenário se reflete em manchete de jornal, mas sem o devido alarde. A Folha de São Paulo de 01 de abril de 2013 noticiou que o aluno de matemática piora do quinto para o nono ano. Quando a matemática entra em queda livre os estudantes perdem rendimento com o passar das séries. Entre os problemas apresentados pelos especialistas a situação se repete: carência e má formação de professores. O problema é que ninguém toca o alarme.

É notadamente visível o depauperamento da educação em nossa sociedade. Isso permite ao professor imaginar o que todos gostaríamos que fosse apenas ficção. Uma sala de aula onde os alunos querem tudo, menos estudar. No outro lado temos o desinteresse dos jovens pela carreira do magistério. Até por conta do piso, ao se comparar o profissional de educação com outras carreiras de nível superior, o piso nacional da educação é quarenta por cento menor.

Por que o Brasil tão rico, com tantas possibilidades, falta-nos o senso de cidadão? O que se vê é que o Brasil não investe em pessoas. E pessoas com baixa educação tem grande dificuldade em pensar. A escola não é cidadã, não é democrática, não há experimentação nem apoio da comunidade. Espero não ser tarde para tocar o alarme.