Artigo

Um desbunde generalizado

O poeta Heine dizia em 1938 ou 1939: “Quando penso na Alemanha, perco o sono”. Aqui no nosso querido Brasil nem é bom pensar, mesmo porque os governantes fazem de tudo para que não se pense, e assim o voto será extraído sem dor.

Cinquenta anos atrás, um brasileiro pobre e inculto, a quem se desse um vinho raro e uma fatia de Camembert, hesitaria em degustá-los, por, por julgar que o queijo estaria podre e o vinho fosse vinagre. Hoje, ele indagaria pressuroso: “É o Romannée-Conti de Lula?

Faltam educação e cultura para assimilar novidades globais que o país, atrasado na marcha para o desenvolvimento, encontrou de chofre na caminhada. A vulgaridade mais torpe entra pelos olhos e ouvidos, induz ao exibicionismo ridículo, ao hedonismo desenfreado, à pornografia, à ociosidade.

A família se desagrega, o cinismo prevalece. Despojados de valores, querendo etapas e exceder limites, o brasileiro que se sente excluído é sensibilizado para o estupro, homicídio, o roubo, o vandalismo. A relativa impunidade legitima a transgressão.

A Bahia, sempre pilhérica, definiu bem esta situação com a apalavra desbunde, de certeira aplicação aqui e fora daqui. Um desbunde generalizado. E o mais grave é que, por trás dele,, por trás de movimentos emancipacionista, jaz uma cartilha panfletária, de guerra.

A sociedade brasileira está sendo minada por manifestações ideológicas radicais que priorizam a facção, o partido, o grupo, a classe. Em vez da unidade pragmáticas em busca do crescimento e bem-estar, melhor forma de repartir, o país conhece de perto o risco do cisma.

Onde há facção aguerrida há sentimentos de ódio oriundos de frustações, recalques e intentos de supremacia. Até tempos atuais, o Brasil sustentou a unidade geográfica, a convivência pacifica de raças, credos e ideias. Mas a pluralidade emergente depende da tolerância, além do bom senso dos governos. Já há sinais de uma intolerância capaz de gerar confronto.