Artigo

Matizes

Estava a maré distante
que vazia deixava à vista,
áreas habitadas por uma imensidão rochosa.
O mar chegava, beijava as pedras
e elas, dengosamente, retribuíam.

Senti inveja delas!
Areia e mar, beijando-se
no vai e vem das ondas.
Areia, mar e pedras formavam
um carinhoso trio de afagos
que o vento, formando o quarteto,
acarinhava e sussurrava
generosas palavras, confidências, melodias.

Dancei no hit da nossa canção
Copacabana, Copacabana…

Deixamos o tempo passar
E o nosso amor no ar,
A nos afastar.
E assim nos perdemos,
Como um barco num mar

Sem remos, sem horizonte
à deriva do amar.

Copacabana, Copacabana…
Essa é a nossa música
Que ficou no ar, sem sintonia e sem o final …

O Por do sol lindo,
Mágico e intenso
Tentou nos aproximar
À distância, senti seu calor
Nas atitudes fingidas,
Senti a sua saudade escondida.
Olhei para o céu, procurei
Nas desenhadas larvas de fogo,
bordadas em ouro, as nossas vidas sem Nós;
Haviam imagens distantes nas nuvens,
que por alguns instantes, juntavam-se
Formando um nacarado insólito desenho.

As desordenadas, confusas e melífluas imagens,
moldadas entre sombras e reflexos,
despertou-me o desejo de pintar um quadro à dois.