Artigo

Educação

Recebi um e-mail com uma fábula interessante que espero reproduzir fielmente.Certo rei tinha um meteorologista oficial e sempre o consultava.Um dia ele resolveu caçar, mas não quis sair antes de saber a opinião do meteorologista sobre se ia chover ou não.Como este respondeu que não iria chover, o rei juntou todos os apetrechos de caça e se mandou.No caminho encontrou- se com um camponês que seguia no seu burrico.O camponês aconselhou o rei a voltar para casa, porque iria desabar um temporal.O rei não aceitou o conselho baseado na previsão do meteorologista, pois não iria deixar de seguir o parecer de um cientista, para seguir o parecer de um ignorante.Mas o ignorante estava certo.Caiu o temporal e o rei ficou tão encharcado a ponto da noiva dele achar graça.O rei furioso despachou o meteorologista e queria contratar o camponês para ocupar-lhe o lugar.O camponês confessou que não entendia nada do tempo e se baseava no sinal dado pelo burro, que murchava as orelhas quando previa chuva.O rei então contratou o burro como meteorologista oficial da corte.

Acho a fábula excelente criação imaginosa, sem aplicação prática no Brasil, onde somente pessoas da mais alta competência ocupam cargos públicos… Em todo o caso, aproveitemos a oportunidade para algumas considerações, tendo em vista não somente os cargos públicos, mas também o emprego nas empresas particulares, onde uma contratação de burros é bem mais difícil.Com efeito, quantas vagas existem nessas empresas na expectativa de gente competente! Há rapazes e moças à-toa ou em empregos de baixa renda porque não têm nenhuma especialização. Por isso, eu digo aos jovens: estudem,treinem, aproveitem enquanto é tempo, a fim de não ficarem como eternos parasitas em casa dos pais que não são eternos ou então de qualquer modo olhando com desgosto para cima, para os colegas empregados. É verdade que certas coisas se aprendem em qualquer idade, mas também é verdade como diz o provérbio inglês: “An old dog does´nt learnet new tricks” –Cachorro velho não aprende novas habilidades, ou em nosso conhecido provérbio: “Papagaio velho não aprende a falar.”A memória está mais fraca. A gente cansa-se mais depressa no esforço do treinamento ou da repetição.A pressão cultural do papagaio velho que não aprende impõe-se desastrosamente. No caso do computador, eu que aprendi a mexer com esta máquina maravilhosa aí com meus oitenta,lamento que tanta gente capaz de aprender também, não o faz com a idéia que se trata de uma coisa do outro mundo.Falo de computador, mas nem todo o emprego exige saber manejá-lo e fica aí a triste verdade que empregos sobram em diversos setores, faltando apenas gente competente para ser contratada.

De outro lado, sabemos do quanto depende das autoridades públicas o esforço educacional para sairmos de um estado penoso.

“O Brasil ocupa o 53º lugar em educação, entre 65 países avaliados (PISA). Mesmo com o programa social que incentivou a matrícula de 98% de crianças entre 6 e 12 anos, 731 mil crianças ainda estão fora da escola (IBGE). O analfabetismo funcional de pessoas entre 15 e 64 anos foi registrado em 28% no ano de 2009 (IBOPE); 34% dos alunos que chegam ao 5º ano de escolarização ainda não conseguem ler (Todos pela Educação); 20% dos jovens que concluem o ensino fundamental, e que moram nas grandes cidades, não dominam o uso da leitura e da escrita (Todos pela Educação). Professores recebem menos que o piso salarial (et. al., na mídia).”

Queira Deus que os rendimentos do Pré-Sal e outros recursos sejam quanto antes empregados na educação, pois sem esta jamais atingiremos o patamar de cultura ambicionado apenas em palavras por tantos de nossos homens públicos e que tais recursos não vão acabar nos sórdidos bolsos de tantos administradores desonestos.