Artigo

Ciúmes e Gumes

Já disseram que ele era o “perfume do amor” E eu digo que: Com o seu aroma de flor, E na sintonia sutil do sabor Até que tempera o amor, nos “embobece”, nos enternece. Mas quando avulta-se, Resulta-se Num nebuloso pesadelo Gradeado, pagando pena. Torna-se o monstro atormentado do amor, Que rói, corrói e dói.

E Monstro não se cria, Elimina-se. Monstro não se ama, Ignora-se; Monstro não se hidrata, Desidrata-se;

Morra de fome, Morra de sede, Morra de inanição.

Monstro, não te quero em mim!

A gente gera essa coisa ingrata, Que é pura desgraça (palavra má), Nasce, cresce e enfurece E de dor, cria-se uma ilusão em fúria.

Monstro comedor de sonhos Desorganizador, traidor, Perverso dominador. Que na alma se instala, E que na alma dói, E nela, chora-se amarguras.

Amar é um lar aberto Rejuvenescedor, acolhedor Amar é um jardim Em que se plantam flores, E se pousam as borboletas. Não há lugar para agrotóxicos, Amar não é devastação, É comunhão.

Monstro, não te quero em mim.

Ciúme encarcerador Afaste-se de mim, Nunca chegue a mim. És cruel, irracional, Estuprador Também desolador Criador de dor.

Essa nuvem escura, perdida Que não aceita as ausências, Que não digere as dores Que não abre os canais, E que só canaliza gás; Daquele bem venenoso Que não se processa, Que sufoca, delira, enlouquece E que às vezes, até mata.