Artigo

Inovação e Criatividade Como Fatores Motivacionais – XI. Mecanismos de Defesa.

Por motivos pessoais não pude escrever a coluna de março e, para quem vem acompanhando nossa odisseia pelos fatores motivacionais e seus desdobramentos psíquicos, acho importante revisar o artigo de fevereiro em que informávamos a respeito das quatro funções psíquicas responsáveis por conhecer, segundo Carl Jung. São elas: o pensamento, a percepção/sensação, o sentimento e a intuição. Dizíamos também que o processo motivacional é extremamente rico, incluindo necessidades, satisfações, expectativas, valores, modelos mentais e, certamente, o significado que atribuímos ao trabalho. Isso tudo pra dizer que ninguém é igual a ninguém. Por fim, prometemos que, para este artigo, falaríamos sobre autodesenvolvimento.

Autodesenvolvimento ou desenvolvimento de si próprio é uma concentração de esforço do indivíduo na busca do próprio crescimento pessoal ou profissional, e isso é um processo contínuo – ou, pelo menos, deveria ser – pois, conhecendo-nos, descobrimos o que nos motiva.

Historicamente a Administração de Empresas ou de Marketing sempre tiveram críticos ferrenhos a respeito da ideologia das grandes organizações. As chamadas leis de Murphy, por exemplo, eram extremamente pessimistas. Uma delas dizia: “Se alguma coisa pode dar errado, dará. E mais, dará errado da pior maneira, no pior momento e de modo que cause o maior dano possível”. Christophe Dejours afirmou que “As organizações são lugares propícios ao sofrimento, ao tédio, ao desespero e ao desconforto existencial”. Já Diane Tracy afirma que “A maioria das pessoas acabam perdendo o interesse pelo trabalho e enveredando pelo caminho da mediocridade”.

De certa forma, se não concordamos com essas heurísticas é porque nos sentimos muito motivados para o nosso trabalho. Se concordamos com elas, muito provavelmente é porque nosso trabalho não apresenta um significado. Em contrapartida, encontrar um significado na empresa nos ajuda a crescer junto com ela, compatibilizando nossos interesses e nossas competências profissionais com os objetivos e as competências da empresa. Isso não faz sentido?

Uma boa metáfora é a do time de futebol: cada jogador tem a sua motivação pessoal e coletiva, assim como nas empresas. E muitas vezes essa motivação não acontece; é aí que entram o técnico, a diretoria e a torcida. Um jogo, por si só, pode motivar um atleta. Ou não. Quantas vezes vimos times brilhantes que tinham tudo para dar um espetáculo e, na hora H… Será que os jogadores estavam desmotivados, sem vontade de fazer o gol? É quando acontece a magia. O gol é o objetivo supremo do futebol, por isso a região da área em que ficam os goleiros, zagueiros e centroavantes é denominada meta. Se você não tem uma equipe motivada, a meta fica difícil de alcançar. A figura do técnico é importante, mas se cada jogador não procurar o autodesenvolvimento em seus treinos, ele certamente não encontrará a razão para se automotivar, ou seja, o significado. É imprescindível descobrir o significado do trabalho que executamos. Essa busca não é fácil, mas com certeza é muito compensadora. Mas atenção: como somos diferentes uns dos outros, nossas motivações também o são. Alguém pode se sentir motivado rapidamente por fatores econômicos e, com isso, ter as possibilidades de adquirir bens e serviços. Já outras pessoas podem realizar a aquisição pela predisposição de serem saudáveis, amadas, de se sentirem competentes. A fórmula do autodesenvolvimento é encontrar o significado que representa seu trabalho em sua vida.

Até a próxima.