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Mais respeito, ó gringos!

Economistas estrangeiros estima em 1,8% o crescimento do Brasil este ano. Tal índice está sujeito a chuvas e trovoadas, porque 2014 será um ano de pequenas ilhas de trabalho no vasto mar dos feriadões.

Espera-se se que pelos menos o agronegócio nos salve do demérito da preguiça. Um governante irresponsável, que se gaba de ser autor do nosso recente milagre econômico, enrouqueceu as cordas vocais de tanto coaxar pedindo a sede da copa.

Conseguiu. Não considerou a incipiente infraestrutura, as obras de desafogo urbano, a crise de energia, os pequenos aeroportos atulhados. Desconsiderou a locação prioritária de recursos escassos em saúde, escolas e ensino de qualidade. Queria exibir-se como o estadista de formidável potência nova.

Teve, ele e depois sua sucessora ungida, sete anos de prazo para espanar a casa. Doze arenas superfaturadas e inconclusas esperam a chegada de 32 delegações esportivas e muitos milhares de torcedores.

Por mais que se queira ser otimista, paira sobre a Copa uma nuvem carregada. A imagem do país na mídia internacional é dolorosa. Para o cronista Gilberto Amado, em a Chave de Salomão, o homem moderno privilegia dinheiro, fama ou luxo. Vive “fora de si mesmo”, é salão, teatro e rua, quer padrão de Primeiro Mundo – e sente-se atacado só de pensar no mosquito da dengue, e estripado ao prever assaltantes, apagões e privadas voadoras.

Expuseram o país a grandes riscos. Pois teremos também eleições presidenciais. E em 2016, no Rio de Janeiro em guerra. As Olimpíadas. Até agora, a imagem lá fora é desconfortável. A conversa mole dos dirigentes pátrios foi comprada pelo Financial Times, de Londres, à discurseira ilógica dos irmãos Marx, palhaços da velha Hollyood.

Mas respeito, senhores gringos! Além de pentacampeões de futebol, somos craques na arte do improviso. No fim, tudo dará certo, com a proteção do Senhor dos Exércitos, que dizem ter nascido aqui. E se ganharmos a Copa, reencontraremos a doce alma brasileira.