Artigo

Ó Frei Galvão, vencei a lide e rogai por nós!

Um católico brasileiro sente-se muito preocupado. Questionando quantos patrícios já nasceram e morreram, em mais de quinhentos anos do descobrimento do Brasil, sem que nenhum deles tenha sido declarado Santo, pelo Vaticano, chegou a conclusão que o inferno pode estar cheio de brasileiros. A nenhum daqueles que nos precederam, portanto, pode-se presumir que tenha tido uma vida cheia de virtude, nem operado milagres, requisitos necessários para a canonização.

O processo de canonização é de jurisdição contenciosa. A lide é estabelecida em torno dos méritos do candidato. Há uma espécie de “advogado de Deus”, que postula e defende a canonização, assim como um “advogado Diabo” , nomeado pelo Vaticano, para fazer acusação e apontar as nulidades processuais.

Ó Frei Galvão, vencei a lide e rogai por nós! Serás o primeiro brasileiro cristão invulnerável ao ócio, às falcatruas e a todo o tipo de libidinagem. Nenhum Santo no mundo terá, dentro da própria pátria, mais popularidade do que vós. Superarás a todos os mitos do esporte nacional. Todo o país ficará aos vossos pés, ou sejam, cento e noventa e sete milhões de pecadores brasileiros.

O Brasil precisa muito dessa canonização. Serás o nosso único representante no Reino dos Céus. Com tanta coisa ruim acontecendo neste país, terás muito que trabalhar, para auxiliar o sofrido povo brasileiro. Ainda bem que Santo não dorme, não come, não bebe, não fuma e nem fode, podendo cumprir com a vossa Divina Missão. Nessa tarefa divina terás Lúcifer como seu único opositor, representado pelo político brasileiro. Este, durante a campanha, acende uma vela para Deus, mas depois que se elege, só faz pacto com o Diabo. A cumplicidade do povo brasileiro e o imoral sistema político, dão ensejo a que parlamentares corruptos, que renunciaram ao mandato para não ser declarados inelegíveis, sejam reeleito logo em seguida. O perfil do Congresso Nacional continua o mesmo, não havendo interesse político para adaptar a legislação à realidade brasileira. O Poder Judiciário, por sua vez, quando não vende liminar de soltura, evita punições, sob o fundamento de ter que cumprir o principio de Reserva Legal.

E o cidadão, refém do próprio sistema, continua inseguro e em prisão domiciliar, quando não é cruelmente assassinado, na disputa pela hegemonia do poder entre o Estado culpado e falido e o PCC, enriquecido, bem armado e com métodos ágeis de gestão, proporcionado pela multinacional do pó.