Artigo

Dia da escola

Em 1965, Erasmo Carlos lançou um LP em forma de álbum chamado Pescaria onde uma das faixas intitulava- -se Dia De Escola, uma versão da música school‘s days. Com base nesta música escolhemos o título do nosso texto desta semana. Erasmo não é o único, a dupla Castanhae Caju cantam Todo Dia Na Escola e o refrão da música afirma: “é uma vitóriaé uma vitória, pra quem vai e prá quem não vai todo dia para a escola.” Vocês queridos leitores podemestar a se questionar: onde ela quer chegar com isso? Acontece que pouca gente sabeque no mês de março se comemora o dia da escola. Pode até ser um contraste, mas etmologicamente a palavra grega que dá origem a escola significa lazer, pois refere-se as pessoas que não realizavam atividade braçal. Ao escrever sobre este dia vamosrefletir que o desafio da escola do terceiro milênio não é ensinar, mas fazer aprender.

Todos podem aprender e têm esse direito. Mas nem todas aprendem do mesmo jeito e no mesmo tempo. O desafio da escola hoje é trabalhar a dificuldade na aprendizagem. Durante muito tempo, a escola brasileira não enfrentou esse desafio. Quando o aluno não aprendia o problema era dele, ele era mandado embora da escola. “É uma vitória é uma vitória prá quem vai e prá quem não vai todo dia para a escola.” Agora o eixo é aprender. Como fazer aprender?

Essa é a questão essencial. Ir para a sala de aula para saber os conteúdosdasmatérias não tem mais valia, pois essa não é mais a função própria da escola. Embora a discussão é melindrosa, pois para muitos a resposta a dificuldade de aprender é a progressão automática. Isso é um absurdo, pois a reprovação não é instrumento de aprendizagem, não faz ninguém aprender. Nosso desafio é conseguir trabalhar as diferenças individuais dos alunos, entender e enfrentar suas dificuldades de aprendizagem. Fica a dica: a flexibilização do tempo pode contribuir. Dá para aprender assistindoa um desenho animado. Assim a aula não fica naquela chatice em que o aluno escuta e professor só fala, fala… Precisamos de uma grande parceira: a família. Masela também precisa ser repensada. Não adianta trazê-la para falar dos problemas de seus filhos, entretanto sua presença é um sinal de interesse ao incentivar seu filho. No instante de que precisamos chamar a família para ir à escola, expomos a sua fragilidade. Diferenciar o que épúblico – como é a escola – e o que é privado – como a família. A escola não pode invadir o espaço da famíliamas o inverso precisa acontecer. Ébem verdade que existem situações em que a família interrompe ou não consegue dar continuidade a formação do cidadão. Nessa situação, a escola precisa influenciar, é preciso queo aluno aprenda ali.

Assim podemos pensar em uma escola mais democrática. E ainda assim não sabermos o que fazer. Este modelo precisa ser construído na prática. Nas ações dodia-a-dia. Por exemplo:o professor não tem competência sobre criação de filhos, mas tem sobre educação. A escola e a família precisam desenvolver umpapel de cooperação e não de rivalidade. O Senador Cristovam Buarque afirma: “a educação não tem adversários, todos lutam por ela”Talvez por issoa tarefa de alcançaruma escola em constante transformação seja quase Hercúlea, mas ainda assim é preciso crer de que seja tangível e que depende do trabalho de formiguinha de cada um de nós.