Artigo

Labirintite e rouquidão

O ex-presidente teve um surto de Labirintite. A senhora “presidenta” queixou-se na Bahia de estar com a voz rouca. Esses incômodos não os impedem de errar no labirinto e buscar saída de emergência quando sentem a presença próxima do Minotauro – o voto consciente.

O gosto bom do poder os faz intrépidos. Ele não se peja de dividir o país em dois: AL e DL. Antes e depois de Lula. O país é o quindim do G-20. Nunca dantes jamais em tempo algum esteve tão magnifico: pleno, emprego, inflação controlada, dívidas zeradas, corrupção acuada. Ela é uma grande gerente. Nasceu para orientar, dirigir, pascentar. E mostra fidelidade total. De modo que o queremismo (ele voltará, como dizia Getúlio Vargas desapeado do Catete) é ficção de uns poucos desesperados.

Dê-lhes o que mordiscar e logo aplacam o ressentimento. Aumente- -se se o Bolsa Família fora da época prevista. Aproveite-se o primeiro de Maio para anúncio de mais uma colherada de feijão no salário mínimo. Corrija- se a tabela do imposto de renda e míseros 4,5%. Prometa- se novamente uma reforma politica pelas beiradas. Getúlio foi cognominado “o pai dos pobres”. A senhora “presidenta” passou de “mãe do PAC” a “rainha dos pobres”. Se Maria Antonieta, rainha austríaca dos franceses, fosse mais atilada, teria poupado o lindo pescoço. Porque é dando que se recebe. O luxo deve estar acompanhado de concessões. Sozinho provoca iras.

A voz de Getúlio escorria melodiosa: “Trabalhadores do Brasil”. A voz da doutora “presidenta” sai dura, enfática, impositiva. Abusa de factoides eleitoreiros. Divide os trabalhadores em machos e fêmeas, com grande apuro gramatical, e os nativos em brasileiras e brasileiros. É o jogo do poder, eu sei. Quem nunca provou um Chablis e sentiu o filé derreter-se na boca, quer as chaves da casa. Devolver a rapadura, jamais.

Assim ensinam os governos ferozes ou brandos. Ele volta ou ela fica, tanto faz.