Artigo

Dia do Advogado: “A paz não é ausência de guerra, mas fruto da justiça”

A conquista de um título é uma grande bênção, motivo de louvores a Deus, implica também em uma tremenda responsabilidade perante Deus, perante a própria consciência e perante a sociedade.

Ontem foi o dia do advogado com várias comemorações realizadas no país, bem como em nosso estado. Os cursos jurídicos são um fato his¬tórico na formação de bacharéis que conduziram e continuam a conduzir a nossa vida pública, orientando¬-os com sabedoria, registro serem os advogados que estruturaram, jurídica e politicamente, o Brasil, na mais fecunda das improvisa¬ções da nossa história. Pelo estudo e aplicação dos mesmos institutos de Direito, os juristas concorreram com o mais forte liame para a in¬tegração espiritual da nação bra¬sileira. Fazer um curso de direito, bem ou mal, é de fácil consecução, mas exercer a profissão de advoga¬do com nobreza, eficiência, e idea¬lismo, afigura-se-nos uma das mais espinhosas tarefas. Por essa razão, entendemos que os advogados são, especialmente, os novos, têm neces¬sidade de uma certa forma de uma assistência moral e espiritual, para o cumprimento de uma árdua mis¬são social.

Por isso Paulo, (o apóstolo), na sua primeira carta a Tito recomen¬dando aos fiéis, no sentido de vive¬rem uma vida sóbria e justa, tam¬bém advertia ao jovem Tito, que era reverendo, para que acompanhasse com diligência a Zenas, o jurista, que nada lhe faltasse.

Zenas exercia a função de intér¬prete da lei, numa cidade grega, em Creta, centro importante de estudos do direito, e com suas leis famosas, tinha contribuído para a legislação de Licurgo, conforme narra Plutarco na sua obra “As vidas dos homens ilustres.”

Mas se o povo de Creta tinha boas leis para a sua orientação, ti¬nha também os seus infratores, e em grande escala, dada a sua má re¬putação, conforme o depoimento de um dos seus poetas e reformadores. Cujas características foram assim descritas: “os cretenses são sempre mentirosos, feras terríveis e ventres preguiçosos.”

Por essa lacônica descrição, bem podemos avaliar o meio onde atua¬va aquele nobre e jovem advogado. Embora a nossa sociedade não te¬nha as mesmas características pre-dominantes, já referidas, o advoga¬do necessita estar armado de certas condições morais, para enfrentar a hostilidade do meio e restaurar o prestígio da classe. Maus profissio¬nais encontramos por toda a parte e em todas as profissões, porém a grandeza de uma profissão se mede pelo valor moral daquele que a exer¬ce, podendo degenerar-se pelo seu caráter mercenário ao transformar¬-se num sacerdócio, quando obedece sua vocação e ideal. Então, algumas condições devem preencher os que querem como advogados, militar le-gitimamente:

1. Devem guiar-se por uma cons¬ciência escrupulosa no pa¬trocínio das causas que lhes foram afetas. Viver honesta¬mente, era um dos princípios do direito romano e deve ser um dos princípios operantes para o advogado do século vinte um. A honestidade é um dos mais belos ornamentos de uma profissão e uma das con¬dições fundamentais para que o advogado seja um elemento legítimo na reconstrução da sociedade, abalada em seus alicerces morais e ameaçada de ruína iminente. Segundo Levi Carneiro citou em um dos seus livros: caráter, cará¬ter, caráter um dos requisitos pessoais para o êxito de um advogado.

2. O advogado deve ter o sen¬timento de vocação, de um sacerdócio, tudo sublima e exalta. Devem os advogados com fé e destemor, aspirar à concretização da verdadeira justiça, na vida individual e nas relações sociais. Essa foi a aspiração suprema de todos os grandes homens do passado. Pela justiça, especialmente, devemos lutar, somente que os que têm sede de justiça se¬rão fartos.

Quando cessa todo o rumor das tarefas dos advogados e juízes a ci¬dade adormece. O Brasil embriaga¬do pela fúria da corrupção, todos sa¬bem de que não há desenvolvimento contínuo e durável fora do Estado de Direito, onde mandam as leis e não os homens, Daí a necessidade de perfeição e aplicabilidade dessas leis, da apuração da verdade nos casos de corrupção, com serenidade com o bom senso, em benefícios do “bem-estar coletivo.”.
Nestes tempos de automação quando os juristas jovens entram em efervescência com possibilida¬des imensas da cibernética e dos prodígios dos computadores, a esses jovens respondemos com carinho. O advogado é o artesão do direito, enaltecendo o poder judiciário, no trabalho manual de recortar, esculpir e polir cada solução: uma a uma, porque a justiça sem a força da auto¬nomia da autoridade é importante e a força sem justiça é arbitrariedade. Aí reside o nobre papel do advogado.