Artigo

A Chuva

Gosto tanto… tanto
Dos abraços nossos,
Dos compassos bailados
No tango encantado
Dos corpos nossos.
Preciso tanto… tanto
E sem pranto a vida seria
Meus olhos te chamam,
Pois a boca muda,
Calada e amordaçada
Guarda o chamado
Preso, tímido,calado
E sedento
A chuva molha a tua camisa, presente meu
Desenha a respiração,
Os entalhes do tronco teu,
Belo e confortante, recosto meu.
E do ritmo forte do teu coração
Em que deita o rosto meu,
Com os afagos dos cabelos meus,
Somos dois num só compasso.
Que nos molhe a chuva,
Que me abrace os braços,
Que me ampare os ombros,
Do amor que me sustenta
Ainda que pareça distante,
Mas que a qualquer instante
Por tudo que representa
Virá a nosso favor, a chuva.
Que venham devagarinho os chuviscos,
Os pingos, e depois por inteira
Arrastando detritos,
Limpando mal entendidos,
Momentos sofridos,
Derrubando os muros
Através de um olhar,
De um sorriso
De um abraço, de um afago
E das mãos onde conheci carícias e amparos.
Que nos molhe a chuva!