Artigo

Ser político no Brasil

Politico no Brasil – não direi todos, mas grande parte – vive do suor alheio. Suor dos que mourejam para encher os cofres públicos com impostos, taxas e outras contribuições elevadas a níveis de escorcha.

Emprego melhor não existe. Rende aposentadoria integral, com poucos anos de mandato parlamentar. Dá Regalias e vantagens pecuniárias que eliminariam a tentação de querer mais, de crescer o olho para as ilicitudes.

Não eliminam, a tentação é muito forte. O país tem 594 deputados parlamentares dos quais, em setembro, segundo informações do site Congresso em Foco, 224 eram responsabilizados por pendências criminais no foro privilegiado que lhes é concedido: o Supremo Tribunal Federal (STF).

Há pendências graves e de pequena monta: Estas, para não azucrinar mais o STF, abarrotado de processos e por enquanto exaurido no julgamento do mensalão, foram canceladas. A malha da justiça fisga apenas os peixes de maior porte.

Convém atentar para o que observou o Procurador Geral da República, Ricardo Janot: o número de faltosos seria bem maior, “quase 300”, o que representa a metade do Congresso não fosse o perdão a miudezas.

Mais uma vez prevalece o raciocínio axiomático segundo o qual a impunidade estimulada pela lentidão judicial tende a se tornar crônica. Resta saber se os brasileiros terão ainda suficiente sangue frio para conviver com os maus.

Jovens despreparados para pensar bem, universidades e empresas aparelhadas pelo poder dominante, dinheiro público repassado a título de garantir votos desenham um quadro de largo fôlego e residência redobrada. Será possível restabelecer o conceito de civismo, vencer maus costumes, praticar um crescimento ancorado na educação?

Tudo se faz no burburinho ou nas caladas dos conchavos políticos, o fato politico antecede o fato jurídico. A politica miúda, rasteira, pessoal e grupal naturalmente acha que deve mexer em planos e condutas sinistros que dão certo e mais convém.