Artigo

Manoel Lins, o menino aluado e eu

Todos os fins de semanas, ficava na expectativa da leitura das crônicas de Manoel Lins, publicadas nos jornais desta cidade. Manoel Lins foi advogado militante e cronista fantástico. Leitor das crônicas dele, só vim a conhecê-lo pessoalmente, quando me dirigi até o seu escritório, de onde saí agraciado com o contato, a aquisição e o autógrafo do autor do livro inédito intitulado O Menino Aluado.

Apesar dos cuidados que tinha em conservá-lo, perdi aquele exemplar precioso e, ainda hoje, não o readquirir. Não sei quantas edições foram publicadas; só que todas foram esgotadas, não o encontrando nos sebos literários, nem através da internet. Tentei consegui-lo por intermédio de Ernani Lins, irmão do autor, mas foi em vão. A minha expectativa agora é pedi-lo emprestado, para, na pior das hipóteses, tirar-lhe uma xérox. Outro dia, encontrei-me com o Dr. Franklin, sobrinho de Manoel Lins. Perguntei-lhe se tinha o referido exemplar e ele me deu o telefone de outro tio, dizendo-me que este o poderia ter. Ainda não liguei para o tio dele, mas não vou deixar de fazê-lo. Há leitores assim: está sempre esperando o seu autor preferido publicar uma crônica, um conto ou um romance; se perde algum exemplar inédito, faz de tudo para o readquirir, repondo-o ao seu devido lugar.

Preciso reler as crônicas do livro O Menino Aluado. Através delas, Manoel Lins me influenciou muito, literariamente falando. Mestre da crônica social, política, mas sempre divertida, Manoel Lins nivela-se a Carlos Drumond de Andrade, Luis Fernando Veríssimo, José Castelo, Moacyr Scliar e a tantos outros, paradigmas do referido gênero. A Manoel Lins devo a qualidade do texto que aprendi a gostar de ler e a do que porventura vier a produzir.

Já imaginaram se os meus textos tiverem a mesma repercussão das crônicas de Manoel Lins? Terei muitos leitores na mesma expectativa em que ficava com relação à publicação dos textos dele. Isto será a realização de um grande sonho. Escrevê-los e publicá-los, já os conseguir; só me falta conquistar um número de leitores mais expressivo. Um dos meus leitores, segundo ele próprio, já posso identificá-lo. Não é um leitor do meu imaginário, mas de nome, inteligência, carne e osso. Sandoval, aquele cidadão da ilustre família Benevides, que o diga! Depois chegará a vez da publicação do meu livro. Crônicas é o que não me faltam, para dar-lhe conteúdo; só recursos, que dê respaldo à contratação da editora. De alguma forma, estou seguindo o exemplo do mestre Manoel Lins, com produção literária, publicação de textos, publico leitor, enquanto não lanço o meu primeiro livro intitulado A Rua das Amélias, em noite de autografo, magia e coquetel.