Artigo

Reino encantado da “zelite branca”

Lula lá. O palpite estava certo. O ex -presidente, talvez a maior eminência parada da história, desde o cardeal Richelieu, terá um verão de príncipe, na praia das Astúrias, com direito a vista do mar, fogos de artifícios na passagem do ano e churrascos no espaço gourmet da cobertura, junto da piscina.

Onde fica a praia? No litoral sul paulista. Área nobre, reduto da “zelite branca”. Comprou na planta, a preço irrisório. Três apartamentos de 297 m2 ao todo, da Cooperativa habitacional dos Bancários de São Paulo (Bancoop), que foi dirigida pelo tesoureiro do PT, João Vacarri Neto.

Pois é, chegou lá. Lula lá no reino encantado dos burgueses que ele execra, à beira da piscina. Reunia condições. A revista americana Forbes citava-o, pouco depois, entre os milionários brasileiros.

O tríplex tem elevador privado, do 16º ao 18º andar, mandando instalar pelo agradecido filho Lulinha, que tocou a obra de reforma e deu largas ao seu espirito de empreendedor nato. Para a entrega da reforma, cada morador teve que pagar adicional. A Bancoob arde no inferno financeiro. Três mil adquirentes ainda não receberam os seus imóveis, o caso rola na Justiça. Ou suportam mais um ano as intempéries paulistas, ou três mil compradores alugam casa em Bom Jesus dos Pobres, aqui na Bahia.

Raras exceções, o país costuma subestimar esses assuntos, como se fossem repetição tediosa da fábula sobre o sapo e o vagalume, ou o mito do rei Midas. Se agendasse todas as denúncias, não seria somente o maior cobrador de impostos do mundo. Haveria outros pódios.

Com a alegação de golpismo, embora o impeachment seja recurso constitucional, o governo minimiza novas manifestações populares no dia internacional anticorrupção, em São Paulo e outras capitais. Os cartazes eram drásticos, frutos do desespero. Mas em vez de mudanças, geram a intenção palaciana de um “banho no povo” na inauguração do segundo mandato. Basta convocar as “militâncias” em que se agarra.