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O binômio educação e saúde

Um dos desafi os do Estado, é a promoção da saúde pública, que envolve o tratamento e tambéma prevenção de saúde. No olhar sobre saúde pública é crescentea preocupação com medidas preventivas. Refl etir sobre tais medidas signifi ca pensar a responsabilidade do Estado, sem desconsiderar, no entanto, o papel da sociedade e de cada indivíduo. Papel aí da educação.

O Estado tem conhecimento de que é seu a obrigação de assegurar a saúde da população de forma que todos tenham acesso a hospitais, remédios e tratamento. Nem sempre as políticas de saúde pública são efi cazes e muitas vezes constituem desafi os ao governo, pois este deve conciliar a opinião de diversos setores da sociedade, e também precisase policiar para não ultrapassar os limites de intervenção e desrespeitar a liberdade do cidadão.

Ao longo de toda a história, podese observar as tentativas do poder público de garantir o controle de doenças eproteger a saúde da população. Um exemplo nítido e sempre citado são as políticas de Oswaldo Cruz no Rio de Janeiro, que obrigavam as pessoas a
serem vacinadas mesmo que o exército tivesse que usar a força contra os mais relutantes. Essa obrigatoriedade gerou o confl ito conhecido como Revolta da Vacina. Nos dias hodiernos,
o Estado ainda necessita lutar com esse desafi o de evitar o desrespeito à cidadania e à individualidade. Como estimular a população a observar e conhecer seus direitos? Acredito na educação desse povo, embora a educação necessite urgentemente de não ter mais o rofessor como um transmissor do conhecimento. É evidente que continua a terdedominar sua expertise, mas necessita dar uma aula diferente, de aprendizado ativo, envolvendo os alunos.

Isso implica em treinamento contínuo e muitahabilidade interpessoal.

As aulas tradicionais são expositivas, não deixa de ser uma boa estratégia para ensinar, porque em pouco tempo o professor alcança vários ouvintes ao mesmo tempo, mas não é a maneira
correta de aprender, pois o aluno se perde com facilidade, sem exercitar sua capacidade de abstração. É essa educação que tem o olhar para o futuro, para oportunar e criar desafios acadêmicos à altura da complexidade do mundo de hoje, emotizando o aluno a analisar e
aplicar o que ele aprendeu. Resultando no cidadão que valoriza a saúde e sabe reconhecer o que denocivo há,para cobrar e buscar através do poder público uma saúde com qualidade.
Nunca foram mais necessários os conhecimentos dos princípios de saúde do que o são na atualidade. Apesar dos maravilhosos progressos em tantos ramos relativos aos confortos e comodidades da vida, mesmo no que respeita a questões sanitárias e tratamento de doenças, é alarmante o declínio do vigor físico e do poder de resistência.

Isso exige a atenção de todos quantos levar a sério o bem-estar de seus semelhantes. Nossa civilização artificial estáfomentando males que destroem os sãos princípios. Os costumes e as modas se acham em guerra com a natureza. As práticas a que eles obrigam, e as condescendências que fomentam, estão diminuindo rapidamente a resistência física e ental,e trazendo sobre a raça insuportável fardo. A intemperança e o crime,a doença e a miséria encontramseportoda parte.

Muitos transgridem as leis de saúde devido à ignorância, e necessitam instruções. A maioria, porém, sabe melhor do que aquilo que pratica. Esses precisam ser impressionados quanto à importância de tornar o conhecimento um guia de vida. A educação oportuna o conhecimento dos princípios de saúde como o de mostrar a importância de pô-los em prática. Mediante as devidas instruções, muito pode fazer para corrigir males que estão produzindo indizível dano.

Observamos que àpolítica de redução de danosé um ótimo exemplode ação bem sucedida do Estado para diminuir a ocorrência de uma doença. Os viciados em drogas injetáveistêm acesso à seringas descartáveis para evitar a contaminação com o vírus HIV por meio de agulhas contaminadas reutilizadas. Apesar de ser criticada, é uma estratégia,que leva as pessoas a se protegerem sem que isso sejauma ordem, umaação invasiva, pelo contrário. O Estado respeita a opção do usuário de drogas, mas oferece a proteção possível e dentro dos limites de ação que lhe assiste. Nesse caso, o confl ito surge quando setores da sociedade são contra esse tipo de ação.

O Estado deve conscientizar os indivíduos para que eles não sejam obrigados a nada. Mas para que possam, por vontade própria, proteger e ajudar a sociedade a combater epidemias. E o desafi o está em conseguir que essas campanhas cheguem a toda a população, e não só as classes mais favorecidas. Para isso, grandes investimentos são necessários mas não tem condições de bancar. Nem mesmo o dinheiro da CPMF conseguiu ser usado de forma correta.

Dessa forma, as tensões aumentam, pois a sociedade paga muitos impostos e não vê toda essa carga tributária sendo aplicada como deveria. Portanto, o Poder Público enfrenta inúmeros desafios na organização da saúde pública. Há obstáculos políticos, ideológicos e fi – nanceiros que necessitam ser vencidos pelas autoridades, levando em conta a opinião da sociedade, suas necessidades, e a liberdade dos cidadãos. A melhor forma de enfrentar esses desafi os é através da educação da população, que participará de forma ativa das políticas públicas, cooperando sem ser obrigada, e também com investimentos vultosos em campanhas de saúde.

Afinal, a saúde é direito de todos e dever do Estado (artigo 196 da Constituição Federal).