Artigo

Eu quero esquecer o Brasil!

Eu quero esquecer o Brasil, mas, pra minha desgraça, não consigo. Infelizmente, todos os dias, em todas as mídias, lá está o Brasil fazendo presepada, asneira, velhacaria e claro, muita burrice.Isso me deixa extremamente avexado, então eu desejo esquecer o Brasil, mas, não é fácil esquecer pesadelos.

Triste Brasil sem vergonha na cara. Triste Brasil enlameado, humilhado e sacaneado pela indecência política governamental. Triste Brasil que na rabeira da Educação (529 mil alunos tiraram nota zero na redação do Enem 2014, por exemplo), ainda assim, cinicamente, estampa um slogan debochado – Brasil: Pátria Educadora –, ao mesmo tempo em que corta 31% dos investimentos no setor.

Claro que o Brasil não sabe quem eu sou, mas isso não tem a menor importância também. O pior mesmo é que o Brasil não sabe quem são as brasileiras e os brasileiros dignos e honestos em sua grande maioria e que, verdadeiramente, constroem esse país, apesar dos ladrões que atrasam nosso progresso.Triste Brasil que quer calar nossa liberdade de expressão, conquistada ao longo da nossa história, à custa, muitas vezes, de torturas, desaparecimentos e mortes. Mas, parafraseando o cantor e compositor Belchior, enquanto houver espaço, corpo, tempo e algum modo de dizer não, eu escrevo!

O governo Dilma repassou R$ 251,1 bilhões no ano passado aos credores da União, o montante bastaria para, por exemplo, pagar por quase uma década (!) o Bolsa Família.Para conter a alta do dólar o governo Dilma sangrou R$ 17,3 bilhões, cifra que permitira manter o “Minha Casa, Minha Vida” por um ano. E mais: o aumento dos gastos com juros superou e muito os gastos com investimentos e infraestrutura. O governo Dilma anunciou regras que subtraem direitos trabalhistas:redução de benefícios como pensão por morte, auxílio-doença, abono salarial, seguro-desemprego e seguro defeso.E ainda: os ministros da Fazenda, Joaquim Levy, e do Planejamento, Nelson Barbosa, anunciaram um corte R$ 66,3 bilhões para o abatimento da absurda dívida pública; já que o governo gastou muito mais do que arrecadou.

O (des) governo ainda anunciou outras medidas restritivas (confirmando o estelionato eleitoral): reajustou a alíquota do PIS/COFINS sobre a importação, de 9,25% para 11,75%, restabeleceu a alíquota do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre operações de crédito de 1,5% para 3%, alterou o PIS e a Cide (imposto sobre combustíveis)o que resultou num aumento de R$ 0,22 para gasolina e de R$ 0,15 para o diesel, encerrou as operações das refinarias do Maranhão e de Pernambuco, depois de ter aplicado R$ 2,7 bilhões sem qualquer planejamento e/ou finalidade. Assim, especificamente, o (des) governo depois de ter gasto muito mais do que arrecadou, transferiu, após as eleições, para os mais pobres, especialmente, o pagamento do descontrole e da irresponsabilidade fiscal do Estado.

E para não dizer que não falei da operação Lava-Jato; segundo as declarações feitas à Polícia Federal pelo ex-diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e pelo doleiro Alberto Youssef, os contratos na empresa eram superfaturados em 20%, na média!Estima-se, por baixo, que o total dos contratos que foram superfaturados na Petrobras chega aos impressionantes R$ 88,2 bilhões!

Na década de ’80, o grupo musical MPB-4 cantou: …vivemos de migalhas, promessas e batalhas. Estamos rindo de nervosos, cobertos de feridas num beco sem saída… Truques, acrobacias, palhaços e magias. Estamos vivos de teimosos. Circo de marionetes, chuva de canivetes, no entanto o coração se agita.

Pois é… Eu quero esquecer esse Brasil… Mas não é fácil esquecer pesadelos!