Artigo

Águas de março

Estamos no final do verão do ano de dois mil e dezesseis, e ao ver uma nuvem passageira deixar suas gotas de chuva, anunciando que a estação mais quente do ano esta a concluir o seu ciclo. Ao mesmo tempo, lembro-me do poema de Tom Jobim da década de setenta e muito bem interpretado pela saudosa Elis Regina.

É um texto pouco narrativo e fortemente imagético (talvez por isso a chuva que caiu evocou a sua lembrança). A letra é um fluxo de consciência onde a água é promessa de vida. Mas porque estou a divagar por essas questões? Acho que as múltiplas epidemias, a crise econômica fazendo o desemprego explodir e a escassez de água levaram a um forte desânimo, que se abateu sobre nossa cidade.

Olho contemplativamente o calendário e o que vejo: a páscoa, mais do que isso, o domingo da ressurreição, “ a promessa de vida no teu coração.” Este ano bissexto que começou logo após o carnaval pode se apresentar carregado de luto, de baixa ou ausência de perspectiva, precisa ser vista pela óptica do cristianismo e sua festa mais antiga.

A páscoa cristã está ligada à judaica. Nesta última, ela marca o fim da escravidão de cerca de quatrocentos anos do povo hebreu no Egito; dando ideia de passagem e na festa cristã temos a possiblidade de um novo começo. Quando sinto saudades de meus irmãos Agenor e Davi lembro-me de Jesus dizendo “teu irmão há de ressurgir, ” e isto é um dos grandes bálsamos que Deus nos dá.

Estas são as lições das águas de março querido leitor. Precisamos aprender a lutar por nossos ideais, pois assim como o povo saiu do Egito, de um ambiente de forte opressão, eles lutaram por sua liberdade, por seus ideais, fazendo uso de ferramentas como fé e perseverança, pois a violência não leva a lugar algum.