Artigo

O Brasil perdeu!

Por que o Brasil não consegue se acertar? Por que o Brasil ainda não se livrou, de uma vez por todas, do lulopetismo? Por que é que o óbvio parece ser uma barreira, quase intransponível, para o Brasil? Até quando o Brasil vai continuar sendo o país do espanto e do absurdo? Depois do que Ricardo Lewandowiski e Renan Calheiros protagonizaram no Senado, referente ao julgamento do impeachment de Dilma Rousseff, rasgando a Constituição, para preservar privilégios e interesses partidários (mantendo o jogo político, nojento, do “toma lá, da cá”), fica difícil confiar que o Brasil poderá sair dessa enrascada toda, ao menos no médio prazo. O que assistimos alusivo àquele julgamento, que poderia ter encerrado um ciclo maléfico vivido pelo país, se se houvesse respeitado a Constituição brasileira e a óbvia clareza de seu artigo 52, foi, no mínimo, deprimente. O Brasil poderia ter conquistado uma trégua política, econômica e social, para recomeçar muito mais forte e muito mais consciente, seus novos embates, num tempo renovado. Mas, no ressoar do último gongo, do julgamento do impeachment, a sem-vergonhice política tomou conta do Senado e a concubinagem partidária entre o PMDB e o PT, com as bênçãos do Lewandowski, pôs tudo a perder, estragou com tudo, destroçou o país.

O Judiciário perdeu a chance de ser reconhecido como um juiz, de fato, livre, autônomo, imparcial. E o Brasil perdeu a chance de demonstrar que possuí uma democracia transparente, séria, baseada no respeito à Constituição. O país perdeu ainda a oportunidade de crescer, politicamente, para enfrentar os novos desafios que se configuram diante das próximas eleições. Essas possibilidades todas nos foram roubadas por Calheiros e Lewandowski… Mas, para eles, o Brasil que se lixe!

Cassar o mandato de Dilma Rousseff, sem inabilitá-la, é uma excrescência jurídica. Ou ainda, conforme disse o Ministro do Supremo, Gilmar Mendes: “é, no mínimo, bizarro!” O parágrafo único do artigo 52 da Constituição Federal dispõe: a perda do cargo do presidente, com inabilitação, por oito anos, para o exercício de função pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais cabíveis. Além disso, no caso do impeachment de Collor (ainda que ele tenha renunciado antes do julgamento no Senado) o entendimento do Supremo Tribunal Federal foi exatamente esse! Do jeito que aconteceu, no entanto, equivale, por exemplo, à polícia ter prendido um ladrão por furto e em seguida ter devolvido a arma para o bandido!

Tenho, lamentavelmente, ouvido e lido coisas absurdas. Por exemplo: “Temer se voltou contra o projeto político eleito.” Que ‘projeto político’, cara pálida? Só se for o da roubalheira e o do cinismo desenfreado. Ou então: “aproveitem esses dois anos com o Temer, porque depois não tem pra ninguém”. Aproveitar o quê, cara pálida? Temer coisa nenhuma! Pois que Temer, Lula, Dilma e toda a corja da base aliada do governo são as mesmas porcarias! Preste atenção: apenas os que ignoram a realidade e os que se locupletam, direta ou indiretamente, do governo, defendem essa cambada.

Bobagens como aquelas, ditas e reforçadas à exaustão pelos “inocentes úteis” do lulopetismo, tem nos mantido presos a esse lodaçal político por anos. Bobagens desse tipo alimentam o populismo manipulador, ordinário e pernicioso, visto como “natural” pelos aloprados. Como bem disse Millôr Fernandes (1923/2002): “a diferença fundamental entre Direita e Esquerda é que a Direita acredita cegamente em tudo que lhe ensinaram, e a Esquerda acredita cegamente em tudo que ensina”.

Enfim, o que aconteceu naquele dia 31 de agosto, no Senado, foi surreal. Dividir a votação para o julgamento do impeachment, em duas partes, uma destinada à cassação e outra ao impedimento das funções públicas, dissociando uma da outra, apenas revelou a trama para espichar o lulopetismo (com prejuízo para o Brasil inteiro), garantindo, contudo, os privilégios dos “mandarins da república” e também “pontos de fuga” para os implicados na Operação Lava Jato. Infelizmente, Dilma, Lula, e a gangue que os acompanham, permaneceram, por ora, camuflados no esgoto da política brasileira, e escaparam da Justiça… Mas, já disse e repito: por ora…