Artigo

Soros e Vacinas

Toda vez que nosso organismo é invadido por um agente estranho como fungos, bactérias e vírus, ele se protege, procurando inativar e destruir o invasor, a fim de preservar nossa saúde. Assim, na nossa corrente sanguinea começa a produção de anticorpos, num fenômeno chamado de anticorpogênese, que dura alguns dias. Se uma pessoa for vacinada hoje contra febre amarela e for picada no dia seguinte pelo Aedes aegypti contaminado pelo vírus daquela doença, ela adoecerá. É necessário que transcorra dez dias para, de fato, ocorrer a imunização. Com o tétano é preciso três doses da vacina para se estabelecer a imunidade. E assim por diante. Edward Jenner, um médico inglês do século XIX, não tinha esse conhecimento, mas a intuição o guiou para a realização de uma das grandes descobertas da medicina. Naquele tempo grassava a varíola que apresentava uma alta taxa de mortalidade. Jenner notou que as ordenhadoras de vacas tinham nas mãos pústulas que depois se cicatrizavam. Jenner teve um estalo.

Aquelas pústulas eram varíola se bem que numa forma benigna. O passo seguinte foi inocular a secreção de uma pústula num braço, previamente escarificado, dum garoto. No braço do menino, dias depois, surgiu a ferida que cicatrizou, atestando que tudo correra bem. Jenner acabava de fazer História e se erigir num benfeitor da Humanidade. A Sociedade de Medicina de Londres nunca o convidou a fazer uma palestra. A varíola das ordenhadoras de vacas era um vírus atenuado e o eminente médico coletava as secreções e as armazenava em frascos para vacinar as pessoas que o procuravam.

Louis Pasteur, acreditando que a doença raiva era de caráter infeccioso, teve a idéia de submeter à saliva de cães raivosos a tratamento químico para atenuar o agente infeccioso – vírus – numa época em que o microscópico eletrônico ainda não fora inventado. Pasteur estava de posse de uma vacina que necessitava ser experimentada em humanos. Um dia, apareceu-lhe um pai trazendo-lhe o filho que fora mordido por um cão raivoso. Sem a vacinação o óbito seria certo. Pasteur, que era biólogo, resolveu vacinar o jovem, preservando-lhe a vida. Vital Brasil Mineiro da Campanha, condoído pelas pessoas que iam ao óbito devido a picadas por cobras venenosas e baseado nos estudos de um médico francês sobre o assunto, resolveu produzir um soro para neutralizar o veneno de cobra. Na vacina se espera que o organismo produza anticorpos o que leva alguns dias. Na soroterapia, porém, o veneno de cobra segundo a espécie é produzido no corpo de um animal que produzirá os anticorpos e, por fim, estes são injetados no homem, dando-lhe imunidade automática embora sua duração no corpo seja fugaz o que não acontece com as vacinas. Estas conferem imunidade por toda vida como a vacina da febre amarela ou de vez em quando a pessoa necessita de uma dose de reforço como na vacina antitetânica. Vital Brasil iniciou aplicando doses pequenas de veneno de cobra segundo a espécie em cavalos. Após algum tempo quando os cavalos já tinham produzido bastantes anticorpos, ele fazia neles uma sangria.

O sangue, após passar por processos de filtração, era colocado em ampolas para serem comercializadas. É importante reiterar que há soros antiofídicos, segundo a espécie da cobra venenosa. Graças àqueles pesquisadores muitas mortes foram, tem sido evitada e continuarão a ser evitadas. Posteriormente, foram desenvolvidos soros anti-escorpiônicos, antiaracnídeos e, presentemente, está-se a desenvolver soros para vespas e abelhas.