Artigo

Escolhas…

A verdade (se é que ela existe) é que estamos o tempo todo correndo atrás do vento…

Choramos sozinhos (ainda que não nos vejam as lágrimas sobre o rosto), à medida que o tempo passa, porque descobrimos cedo ou tarde, nunca saberemos ao certo, que a vida é feita de escolhas internas (da mente e/ou do coração) e que aquelas escolhas nos remetem ao isolamento das decisões mais aflitivas e angustiantes que sequer imaginávamos.

Não é fácil escolher: a família ou o trabalho? O futuro ou presente? O compromisso ou a aventura? Os amigos ou os clientes? O dia ou a noite? Mais trabalho ou o mais descanso? O dinheiro ou a paz? O sacrifício da saúde ou a saúde, sem garantias futuras? O paraíso ou o inferno? A vida ou morte?

O fato é que o tempo passa… Nossas experiências, contudo, são intransferíveis! Em verdade, como diria Pedro Nava (1903/1984), “a experiência é um farol virado para dentro”: só ilumina, portanto, o caminho já percorrido, aquele que ficou para trás; sem nunca conseguir iluminar o caminho que está à frente, seja o nosso ou o caminho dos nossos parentes e amigos.

Aqui, neste instante, lembremo- nos de Caetano Veloso: “Existirmos a que será que se destina?” No contraponto desta indagação, ao que parece, Fernando Pessoa teria respondido: “Tão cedo passa tudo quanto passa! Tudo é tão pouco! Nada se sabe, tudo se imagina. Circunda- -te de rosas, ama, bebe e cala. O mais é nada”.

O lema do filosofo grego, Sócrates, era: “Conhece-te a ti mesmo”. Uma máxima que aponta para a necessidade de incessantemente conhecermos, especularmos, investigarmos o que somos. Ou então, ainda segundo Sócrates, um aforismo que aponta para o fato de que é preciso, antes de tudo que possamos fazer para vivermos em paz, conhecermo-nos profundamente!

Por outro lado, talvez quisesse Sócrates que tomássemos consciência da nossa própria ignorância. Ou quem sabe ainda, quisesse o filósofo, que nos deparássemos com a inexorável constatação de que os caminhos da vida são feitos de escolhas e decisões. Assim, cada um de nós, seríamos apenas os resultados daquelas escolhas; sem que possamos saber, a priori, se elas foram ou são “certas” ou “erradas” A vida, pois, é um enigma, disto já desconfiávamos desde tempos imemoriais. Mas, que fazer? Contemplá-la ou desafiá-la?

No entanto, se ainda posso sonhar, especialmente nesses tempos tão estranhos de agora, gostaria que este meu sonho realizasse as melhores aspirações e inspirações que (talvez) existam nalgum lugar muito bom dentro de cada um de nós… Creio apenas, sem que possa explicar por qualquer método, que felicidade atrai felicidade.

Ah, sim, não posso esquecer que esse meu sonho é embalado por essa música, “Bola de meia, bola de gude” de Milton Nascimento e Fernando Braant:

“Há um menino, há um moleque, morando sempre no meu coração. Toda vez que o adulto balança, ele vem pra me dar a mão. Há um passado no meu presente, um sol bem quente lá no meu quintal. Toda vez que a bruxa me assombra, o menino me dá a mão. E me fala de coisas bonitas que eu acredito que não deixarão de existir: Amizade, palavra, respeito, caráter, bondade alegria e amor. Pois não posso, não devo, não quero viver como toda essa gente insiste em viver e não posso aceitar sossegado qualquer sacanagem ser coisa normal. Bola de meia, bola de gude: o solidário não quer solidão. Toda vez que a tristeza me alcança, o menino me dá a mão… Há um menino, há um moleque, morando sempre no meu coração. Toda vez que o adulto fraqueja, ele vem pra me dar a mão”.

Feliz Natal!