Artigo

CLÉO, MEU AMOR

Cléo nasceu no dia, no lugar e na hora certa, mas ficou sem nome, por muito tempo. Não foi fácil arranjar-lhe um prenome, devido o grau de transcendência que ela ia ganhando. A cada dia Cléo ficava mais bonita, inteligente, carismática e cativante, como todo animal de grande estimação.

Cléo me faz lembrar de Deby. Elas se parecem física e psicológicamente, apesar de pertencerem a espécies distintas. Tanto uma quanto a outra têm as mesmas manchas preto e branco grandes, como o jeito charmoso e delicado de sentar e de deitar-se. Cléo fez quem só tinha amor por cão, passar a tê-lo também pela raça felina .

O talento de artista corre na alma de Cléo. Na nossa casa não tem instrumento musical, mas Cléo tecla o sofá, com se um piano fosse. O som emitido é, para ela, como uma musica inteligível e bela, tanto que não consegue tocá-lo, sem se movimentar feliz, como se estivesse no mar, surfando.

Cléo deve gostar muito ler. Inúmeras vezes a peguei dentro da minha instante cheia de livros, olhando-os, como se estivesse à procura por esse ou por aquele escritor. Diante de tantos títulos é natural que ela procurasse pelo o do seu autor preferido. Quando estou lendo, ela fica sempre ao meu lado, olhando para o livro, como se estivesse fazendo a mesma coisa.

Cléo é uma moça educada. Não tem aquela educação de verniz, nem faz distinção entre as classes sociais. O que vale para Cleo é a nobreza de caráter. Ela não é daquelas que trata uns com palavras e gestos agradáveis e, para com outros, destila todo o seu caráter falso, pusilâmine e peçonhento.

Cleo é uma moça direita. Quem se casar com ela, não vai comer ¨ gata por lebre ¨. Jamais teria outros motivos para ocultar, a pretexto de ter o seu hímen complacente. Quando tiver o seu companheiro, serão felizes, pois o colocará acima dos bens materiais. A nobreza do caráter de Cleo, tão raro entre o ser humano, lhe faz desejar um lar modesto a uma mansão infeliz.

Quando Cléo deita e coloca os pezinhos debaixo do seu corpo, fica parecendo uma patinha linda e fofa, nadando e mergulhando no lago encantado do meu ser, cheio de afeto e de ternura: – Cleo, meu amor!