Artigo

Ecologia econômica

Alguém disse certa feita, com muita precisão: “Tanto ecologistas como economistas são profetas profissionais. Mas os ecologistas não são sempre bons profetas senão estávamos todos pobres; e os economistas não são sempre bons profetas senão estavam todos ricos”. Há razões para que tenhamos medo do futuro?

Antigamente, as principais razões para nos preocuparmos com o futuro estavam relacionadas ao vertiginoso crescimento da população na Terra. Pensava-se que daquela maneira não haveria quantidade de recursos (comida, por exemplo) para todos. Vigorava a clássica ideia malthuseana: a população cresceria em progressão geométrica e os recursos naturais disponíveis para provê-la, em progressão aritmética. Assim sendo, o futuro seria assustador, devastador. Estaríamos condenados ou o homem seria capaz de encontrar soluções criativas para que pudéssemos chegar ao futuro?

O superpovoamento do Planeta, e, consequentemente, o esgotamento de seus recursos naturais eram as grandes preocupações dos economistas, por exemplo. Por outro lado, os ecologistas, pensavam que quanto mais gente, maiores as possibilidades de se encontrar uma alternativa inteligente para aquele conflito, ou melhor, a capacidade humana de invenção cresce à medida que os problemas se avolumam. Ou ainda, segundo a grande sabedoria do povo: “a necessidade é que faz o sapo pular”! Deste modo, quanto mais gente, mais cérebros e, portanto, maiores as chances para se resolver a questão. Dentro de uma lógica linear, no entanto, quanto mais gente, maior será o consumo de bens naturais que por sua vez são limitados, finitos. Sendo assim, no futuro, maiores também seriam os preços daqueles produtos e apenas os mais ricos poderiam pagar por eles. Alguns estudiosos, porém, diziam que não era bem assim. E esclareciam seus pensamentos da seguinte maneira: os produtos tenderiam a baixar de preço uma vez que as inovações tecnológicas permitirão um melhor aproveitamento dos recursos naturais ou mesmo a substituição deles por outros novos, mais baratos, portanto.

O que se destaca destas apreciações é o seguinte: os recursos são finitos e a população não pode crescer indefinidamente. E mais: em relação à população, a verdade é que, por exemplo, a China, e a Índia deverão continuar tomando sérias medidas para controlar a natalidade. Senão, vejamos: coloque toda a população chinesa consumindo os mesmos recursos naturais que a população dos EUA neste momento… Quantos planetas seriam necessários para atendê- la?

Outro fato relevante é que continuamos concentrando nossas atenções, quando tratamos dos problemas referentes à escassez, nos países desenvolvidos, e, esquecemos o resto. Isto é muito grave porque tende-se a escamotear as necessidades emergentes dos países em desenvolvimento e pior: viram-se às costas para as urgências básicas dos países pobres. É muito útil alertar-se com décadas de antecedência para os potenciais problemas que poderemos enfrentar; caso, entretanto, os problemas apontados não se concretizem, pela intervenção positiva do homem, então, melhor. Só não devemos “fazer de conta” que os problemas não existem.

Por fim, parece-me haver, pelo menos nos EUA, uma fusão da ecologia com a economia. E neste sentido é válido pensarmos uma ecologia econômica que encoraje, cada vez mais, por exemplo, as empresas a terem práticas e comportamentos socialmente responsáveis, baseados no princípio de que as atividades econômicas também dependem do ambiente, por isso, é um absurdo prejudicá-lo. Mas será possível uma simbiose harmoniosa entre um ambiente saudável e uma economia próspera?