Artigo

Colégio Divina Providência: a história destruída de novo!

Quando da primeira destruição (2009) do patrimônio histórico do Colégio Divina Providência, escrevi: O Colégio Divina Providência, fundado em 08 de abril de 1924 é um patrimônio da Região Cacaueira e não pode ficar à mercê de joguetes políticos! Logo depois, em conformidade com o que discorreu o jornalista Walmir Rosário, do blog Cia da Notícia, considerei também ser uma “armação” política a ordem para destruição do Colégio, uma vez que era inadmissível “reverter o Decreto Municipal nº 8.171/2008, que declarou o prédio onde funcionou o Colégio Divina Providência como Patrimônio Histórico e Cultural de Itabuna”. Por último, ainda em concordância com Wlamir Rosário, destaquei a ocorrência de “circunstâncias “estranhas”” para aquela reversão: quase não houve divulgação da audiência pública onde se discutiu a reversão daquele Decreto.

Pois muito bem, dez anos se passaram e o que sobrou do Divina Providência (a fachada da antiga entrada principal), seus janelões e seu portão de madeira maciça bem trabalhada, foram arrancados. E agora, em seus lugares estão coisas horrorosas feitas de metal ordinário. Quem me alertou para o que estava acontecendo foi minha querida, competente e atenta professora Janete Ruiz de Macêdo, doutora em História e professora da UESC. Ela me enviou imagens da fachada do Colégio, agora destruída pela segunda vez. Em seguida, em mensagem de whatsapp, professora Janete Macedo indagou: “você viu o que está acontecendo com o prédio do Divina Providência? Sumiram porta e janelas”. Respondi-lhe: na ocasião em que o prédio foi fechado pela ordem vincentina (Sociedade São Vicente de Paula), escrevi e publiquei o único artigo em defesa daquele patrimônio histórico. Deu em nada. Vivemos tempos nos quais nada importa. A maioria das pessoas dá de ombros, porque “isso” resulta em muito trabalho, além de desgaste que ninguém quer ter…

Referindo-se sobre aquela primeira destruição de 2009, o ex-aluno do Colégio Divina Providência (CDP), hoje advogado, Allah Góes, salientou ser “um verdadeiro absurdo se nossa cidade, que parece ser formada de carneirinhos conformados, permitir que se destrua tanto o prédio do CDP, como um símbolo da história grapiúna, e isso nossa sociedade organizada não poderá permitir que aconteça. Ou pode?” Infelizmente, foi exatamente isso que aconteceu: destruiu-se o patrimônio histórico do Divina Providência naquele ano, e agora, destrói-se de novo! Triste Região… Triste Itabuna…

Um monumento, do ponto de vista histórico, é um marco para a memória coletiva, uma recordação do passado ligada em uma obra arquitetônica. Um patrimônio histórico é tudo aquilo que evoca o passado, vinculando-se a uma recordação. Através dos indícios, rastros e vestígios deixados em fontes diversas (fotografias, jornais, cartas, documentos, monumentos, memórias orais, etc.), por exemplo, o historiador/pesquisador procura estabelecer um diálogo com o “passado” e pode então dispor de alguma parte da história num determinado período de tempo.

Mas, onde estavam, onde estão os ex-alunos/as, professores/as, Maçonaria, Lions, Rotary, CDL? Onde estavam, onde estão os interessados pela preservação da nossa história, cultura e memória? (Naquela primeira destruição do CDP, lamentavelmente, e mesmo surpreendentemente, a UESC não pareceu estar interessada). Precisamos de união (artigo raro na região cacaueira, eu sei). Precisamos de consciência (artigo raríssimo na região cacaueira, eu sei). E, essencialmente, precisamos por as diferenças e egoísmos de lado, em prol de uma causa maior: a preservação do nosso patrimônio histórico e cultural, que também é a representação da nossa identidade garpiúna. Agora, tristemente, concluo esse arrazoado como naquele distante ano de 2009: falta à Itabuna um choque de gestão! Pois, compromisso político é algo muito mais sério que promessa de campanha…