Artigo

O PALHAÇO COCADA

Fico encantado quando assisto a uma apresentação do Palhaço Cocada. A primeira vez que a vi, foi nas imediações da Ação Fraternal de Itabuna; a segunda, na Rua Paulino Vieira e depois no centro da cidade de Ilhéus, quando a praça ficou cheia de gente, prestigiando o espetáculo.

O Palhaço Cocada faz todo mundo feliz. Pelo menos durante o seu show. Canta, dança, faz malabarismo, acrobacias, coreografias, parodias, tudo de maneira mais saudável e hilariante possível.

Apaixonei-me tanto pelo espetáculo do Palhaço Cocada que comprei uma réplica dele. A aquisição que fiz não funcionou. O talento e o espírito de equipe, que tanto sobram no Palhaço Cocada e no seu criador, faltam na minha pessoa, para me tornar um coadjuvante do seu inédito espetáculo. Inteligente, gozador, determinado e dinâmico, o Palhaço Cocada deve, a qualquer momento, romper com a relação de inutilidade que sem querer lhe impus.

O Palhaço Cocada sempre ensaia sozinho. Tudo para aperfeiçoar ainda mais o tema, a interpretação e o roteiro de cada show. Discretamente o fico assistindo, admirado com tanto talento e lamentando não poder colaborar, para levarmos o espetáculo ao público, como fazem o seu criador e o seu sósia matriz.

O Palhaço Cocada sabe que não o condenei ao silencio, para beneficiar governo e oposição corruptos. A crítica social, política e econômica contida no trabalho da sua família é muito importante para o país. Realmente careço do dom específico e do espírito participativo, para contribuir com a sua nobre função. Tanto é que já o liberei para tirar as férias do Palhaço Cocada matriz, assim como para revezar com este nas apresentações dos shows que aconteceram posteriormente.

Livros do Autor:
– A Rua das Amélias e outras crônicas, Editora Viseu 2018 e
– A Criação da Criatura,
Editora Viseu 2019.