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O Dois de Julho hoje

O dois de julho se tornou por Decreto Federal assinado pela então presidente Dilma Roussef uma data histórica nacional. A independência do Brasil deveria ser dois de julho, na realidade não tenho nada contra o sete de setembro, entretanto a consolidação da independência do Brasil ocorrem no dois de julho e, infelizmente, é uma data pouco valorizada por nós baianos, principalmente do interior do estado, e do Brasil.

            A Bahia foi palco de um prolongado conflito, não foram de festa os dias que marcaram a independência do Brasil. O que se passava no nosso estado, reclamava medidas urgentes. Os portugueses venceram os brasileiros, atacando a cidade de Salvador cometendo saques e o ataque ao convento da Lapa matando a baionetas a abadessa Joana Angélica, o cruel assassínio. Em revide a tais violências a câmara da cidade de Cachoeira criou uma “junta conciliatória e defesa” favorável ao príncipe regente. Assim, no dois de julho o povo lutou não somente dentro de Salvador, mas também no recôncavo e interior do estado.

            Há cento e noventa anos as ruas da Bahia estavam repletas de revoltosos. Hoje, os ativistas, como os revoltosos do passado, vêm no frigir dos ovos em busca do mesmo ideal a liberdade, confrontando a corrupção de hoje, que é muito mais sofisticada que a da coroa portuguesa. A nossa liberdade ficou centrada em um reinado onde Portugal ditava o que nosso imperador deveria fazer, fazendo do Brasil o único país que alcançou uma independência imperial e não republicana como a que ocorreu no restante da América. Atualmente, nossos jovens vão às ruas dizer que os partidos políticos não mais representam os anseios do povo e por isso precisam mudar, como no passado buscamos uma verdadeira independência e não apenas um faz de conta.

            Hoje, os protestos nas ruas do Brasil não se tratam de um simples movimento contra o aumento de passagem de transporte, é coisa muito mais séria: é o brasileiro levando às ruas a sua insatisfação com tudo, principalmente a corrupção que é o princípio provocador dessa situação.

            Atualmente, o que se vê são partidos políticos que vivem em função do poder pelo poder. Por isso os jovens que tomaram as ruas do Brasil estão a dizer que o partido existe pelo povo e para o povo e não para si mesmo. O dois de julho do passado, o povo foi à rua não somente em Salvador mas em todo o recôncavo, não se tratou apenas do abuso e descaso de Portugal, mas também o roubo a luz do dia.

Assim como ocorreram no Piauí, Maranhão e Pará as marchas pela luta da independência que juntando-se a Bahia eclodiu no dois de julho. Os historiadores afirmam que os verdadeiros heróis da independência são os diversos segmentos populares, entre eles os lavradores, os ex-escravos que lutaram e contribuíram para a consolidação da independência do Brasil.

            As manifestações, agora, têm uma equivalência com a guerra da independência, o atual protesto no Brasil tem para alguns o objetivo de indagações e análises. A diferença entre o dois de julho de hoje e o de cento e noventa anos: hoje há apoio da mídia, são frequentados pela juventude de classe média, no dois de julho de ontem eram peões sem a mídia.

            No dois de julho de 2013 não só o baiano, mas o brasileiro está aprendendo a boa prática da mobilização social. Aproveitemos este dia para mostrar que estamos altivos, vigilantes, sintonizados com as lutas sociais e conscientes de nossos direitos. Que o dois de julho de 1823 ensine ao dois de julho de 2013 que país mudo não muda. Proteste com ordem e paz para encontrar eficácia e participação no destino de nossa pátria.

O gigante está acordando!